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"Desaquecimento" já faz governo rever PIB do ano
DA SUCURSAL DO RIO
Os juros mais altos e uma acomodação natural do crescimento,
depois de meses de forte expansão, são os fatores apontados por
especialistas para a freada do PIB
no quarto trimestre de 2004. Por
causa dessa desaceleração, o Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada) irá rever, para baixo,
sua projeção de crescimento do
PIB em 2005, que é de 3,8%.
Para o economista Guilherme
Maia, da Tendências Consultoria,
o início do ciclo de alta nos juros,
em setembro, mexeu com as expectativas de empresários, o que
fez cair o ritmo de investimentos
no quarto trimestre, fator determinante para a desaceleração da
atividade econômica.
Rebeca Palis, gerente das Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, afirmou que os empresários,
ao preverem juros mais altos no
fim do ano, anteciparam os investimentos para o terceiro trimestre, o que explica a retração nos
três meses seguintes.
Marcelo Cypriano, do BankBoston, concorda: "A política
monetária possivelmente afetou a
disposição de realizar novos investimentos".
Para Estêvão Kopschitz, do
Ipea, o fato de o Banco Central ter
sinalizado antes mesmo de setembro (mês do primeiro aumento da Selic) que elevaria os juros
afetou as expectativas de empresários e consumidores, reduzindo
o ritmo de crescimento. O Ipea
havia estimado para 2004 exatamente o crescimento de 5,2%
anunciado ontem pelo IBGE.
Bráulio Borges, da consultoria
LCA, minimizou o impacto dos
juros no desempenho do PIB no
quarto trimestre. Segundo ele, a
alta da Selic não teve relação com
a freada na economia, pois o crédito se mantém aquecido e a expectativa de empresários e consumidores, em alta: "Foi uma acomodação natural depois de um
período de forte crescimento, no
qual muitas famílias ficaram endividadas e param temporariamente de consumir". Passada a
desaceleração do último trimestre
de 2004, Borges crê numa melhora, que, segundo ele, já começou
nos primeiros meses deste ano.
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