São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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"Desaquecimento" já faz governo rever PIB do ano

DA SUCURSAL DO RIO

Os juros mais altos e uma acomodação natural do crescimento, depois de meses de forte expansão, são os fatores apontados por especialistas para a freada do PIB no quarto trimestre de 2004. Por causa dessa desaceleração, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) irá rever, para baixo, sua projeção de crescimento do PIB em 2005, que é de 3,8%.
Para o economista Guilherme Maia, da Tendências Consultoria, o início do ciclo de alta nos juros, em setembro, mexeu com as expectativas de empresários, o que fez cair o ritmo de investimentos no quarto trimestre, fator determinante para a desaceleração da atividade econômica.
Rebeca Palis, gerente das Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, afirmou que os empresários, ao preverem juros mais altos no fim do ano, anteciparam os investimentos para o terceiro trimestre, o que explica a retração nos três meses seguintes.
Marcelo Cypriano, do BankBoston, concorda: "A política monetária possivelmente afetou a disposição de realizar novos investimentos".
Para Estêvão Kopschitz, do Ipea, o fato de o Banco Central ter sinalizado antes mesmo de setembro (mês do primeiro aumento da Selic) que elevaria os juros afetou as expectativas de empresários e consumidores, reduzindo o ritmo de crescimento. O Ipea havia estimado para 2004 exatamente o crescimento de 5,2% anunciado ontem pelo IBGE.
Bráulio Borges, da consultoria LCA, minimizou o impacto dos juros no desempenho do PIB no quarto trimestre. Segundo ele, a alta da Selic não teve relação com a freada na economia, pois o crédito se mantém aquecido e a expectativa de empresários e consumidores, em alta: "Foi uma acomodação natural depois de um período de forte crescimento, no qual muitas famílias ficaram endividadas e param temporariamente de consumir". Passada a desaceleração do último trimestre de 2004, Borges crê numa melhora, que, segundo ele, já começou nos primeiros meses deste ano.


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