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Ritmo da produção deve
diminuir em 2005
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O bom desempenho da indústria brasileira no ano passado, que
cresceu 6,2% na comparação com
2003, segundo informa o IBGE,
não deve se repetir neste ano.
Representantes da indústria
afirmam que as fábricas operam
num ritmo menor desde o final de
2004 por conta das políticas de juros e de câmbio do governo Lula.
"A economia pegou uma gripe
no final de 2004. Isso tem tratamento. Basta que o governo altere
a sua política de câmbio e de juros", afirma Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi
(Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Os empresários estão acostumados com um último trimestre
mais fraco. Mas, no final de 2004,
a queda nas encomendas foi
maior do que se previa, segundo
informa Claudio Vaz, presidente
do Ciesp (Centro das Indústrias
do Estado de São Paulo).
"Não há dúvida de que o ritmo
de produção industrial será, portanto, menor neste ano do que em
2004. A política do governo é exatamente para isso. Lamentavelmente, a meta de inflação é ambiciosa. Isso gera câmbio desfavorável às exportações e juros altos."
Um dos setores que conseguem
medir o pulso da economia, a indústria de máquinas, que faturou
no ano passado 30% mais do que
em 2003, começou este ano num
ritmo mais fraco, segundo informa a Abimaq, associação que reúne os fabricantes do setor.
"Essa política monetária vai
destruir as indústrias", afirma
Newton de Mello, presidente da
Abimaq. No final do ano passado,
segundo Mello, as indústrias gráficas, plásticas e de petróleo reduziram as compras de equipamentos. "Um sinal de arrefecimento
do setor industrial", diz.
Neste ano há cancelamentos de
pedidos de máquinas agrícolas.
"Os exportadores estão desanimados com a perda de competitividade nas exportações. Quem
depende do mercado interno está
com receio de que o produto importado substitua o nacional."
Para Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores, a desaceleração da economia era esperada, já que alguns setores, como o de bens de consumo, tinham crescido muito em 2004.
"Ninguém troca de carro ou de
geladeira todo mês. A redução da
atividade de alguns setores era
prevista. Mas isso não será traumático para a economia", diz.
A LCA estima um crescimento
de 5% para a indústria neste ano.
Para isso, a empresa considera
que os juros devem voltar a cair,
haverá recuperação da taxa de
câmbio e não haverá grandes alterações no mercado internacional.
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