São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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Ritmo da produção deve diminuir em 2005

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O bom desempenho da indústria brasileira no ano passado, que cresceu 6,2% na comparação com 2003, segundo informa o IBGE, não deve se repetir neste ano.
Representantes da indústria afirmam que as fábricas operam num ritmo menor desde o final de 2004 por conta das políticas de juros e de câmbio do governo Lula.
"A economia pegou uma gripe no final de 2004. Isso tem tratamento. Basta que o governo altere a sua política de câmbio e de juros", afirma Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Os empresários estão acostumados com um último trimestre mais fraco. Mas, no final de 2004, a queda nas encomendas foi maior do que se previa, segundo informa Claudio Vaz, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Não há dúvida de que o ritmo de produção industrial será, portanto, menor neste ano do que em 2004. A política do governo é exatamente para isso. Lamentavelmente, a meta de inflação é ambiciosa. Isso gera câmbio desfavorável às exportações e juros altos."
Um dos setores que conseguem medir o pulso da economia, a indústria de máquinas, que faturou no ano passado 30% mais do que em 2003, começou este ano num ritmo mais fraco, segundo informa a Abimaq, associação que reúne os fabricantes do setor.
"Essa política monetária vai destruir as indústrias", afirma Newton de Mello, presidente da Abimaq. No final do ano passado, segundo Mello, as indústrias gráficas, plásticas e de petróleo reduziram as compras de equipamentos. "Um sinal de arrefecimento do setor industrial", diz.
Neste ano há cancelamentos de pedidos de máquinas agrícolas. "Os exportadores estão desanimados com a perda de competitividade nas exportações. Quem depende do mercado interno está com receio de que o produto importado substitua o nacional."
Para Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores, a desaceleração da economia era esperada, já que alguns setores, como o de bens de consumo, tinham crescido muito em 2004. "Ninguém troca de carro ou de geladeira todo mês. A redução da atividade de alguns setores era prevista. Mas isso não será traumático para a economia", diz.
A LCA estima um crescimento de 5% para a indústria neste ano. Para isso, a empresa considera que os juros devem voltar a cair, haverá recuperação da taxa de câmbio e não haverá grandes alterações no mercado internacional.


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