São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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MERCADO FINANCEIRO

Juro futuro sobe com expectativa de inflação maior; Bolsa cai 1,45%, e dólar tem alta de 1,12%

Aumento de ônibus desanima investidor

SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE

Após fechar fevereiro em clima de otimismo, os investidores brasileiros começaram março colocando um pé no freio. A cautela se deve ao surgimento de novos focos de pressão sobre os índices de preços, como o reajuste da passagem de ônibus em São Paulo e a alta recorde do preço do minério de ferro, insumo do aço.
O anúncio do reajuste de 17,65% da tarifa do ônibus paulistano, a partir do próximo sábado, serviu de pretexto para a alta das projeções dos juros no mercado futuro. Segundo a Fipe, o aumento gera uma inflação de 0,7%.
O contrato de janeiro de 2006, o mais negociado na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), encerrou o pregão sinalizando taxa de 18,76% ao ano, ante 18,72% na véspera. A Bovespa caiu 1,45%. O dólar subiu 1,12%, para R$ 2,618.
Segundo analistas, caso a inflação não ceda mais, o Banco Central deve seguir elevando os juros, encarecendo o crédito e inibindo o crescimento da economia.
"Há ainda vários riscos rondando a inflação, como o reajuste do ônibus na maior capital do país e o aumento do minério da Vale. Isso pode frear o otimismo com uma queda dos juros no segundo semestre", disse o economista Marcelo Ribeiro, da gestora de fundos Pentágono.
Para o analista, um alta contínua do preço do barril do petróleo e o fim da tendência de queda do dólar também podem piorar as expectativas do mercado sobre o futuro da inflação e, por conseqüência, sobre o fim do atual ciclo de alta dos juros.
No pregão, o forte tombo da ação da Petrobras (-4,64%) também prejudicou a Bolsa. Na véspera, a estatal divulgou um lucro recorde de R$ 17,8 bilhões em 2004, mas o balanço não empolgou tanto os analistas.
"A Petrobras fechou 2004 com resultado final estável, mas com rentabilidade inferior, em um ano marcado por queda no nível de produção e defasagem nos preços dos combustíveis no mercado doméstico", citou relatório do BES (Banco Espírito Santo).
Hoje, os investidores acompanham o pronunciamento do presidente do Fed (BC americano), Alan Greenspan, no Congresso. No mercado de câmbio, o BC fará leilão para vender 40 mil contratos de "swap" cambial, que podem pressionar o dólar. Ontem, a compra de divisas pelo BC ajudou também a elevar a cotação.


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