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MERCADO FINANCEIRO
Juro futuro sobe com expectativa de inflação maior; Bolsa cai 1,45%, e dólar tem alta de 1,12%
Aumento de ônibus desanima investidor
SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE
Após fechar fevereiro em clima
de otimismo, os investidores brasileiros começaram março colocando um pé no freio. A cautela se
deve ao surgimento de novos focos de pressão sobre os índices de
preços, como o reajuste da passagem de ônibus em São Paulo e a
alta recorde do preço do minério
de ferro, insumo do aço.
O anúncio do reajuste de
17,65% da tarifa do ônibus paulistano, a partir do próximo sábado,
serviu de pretexto para a alta das
projeções dos juros no mercado
futuro. Segundo a Fipe, o aumento gera uma inflação de 0,7%.
O contrato de janeiro de 2006, o
mais negociado na BM&F (Bolsa
de Mercadorias & Futuros), encerrou o pregão sinalizando taxa
de 18,76% ao ano, ante 18,72% na
véspera. A Bovespa caiu 1,45%. O
dólar subiu 1,12%, para R$ 2,618.
Segundo analistas, caso a inflação não ceda mais, o Banco Central deve seguir elevando os juros,
encarecendo o crédito e inibindo
o crescimento da economia.
"Há ainda vários riscos rondando a inflação, como o reajuste do
ônibus na maior capital do país e
o aumento do minério da Vale. Isso pode frear o otimismo com
uma queda dos juros no segundo
semestre", disse o economista
Marcelo Ribeiro, da gestora de
fundos Pentágono.
Para o analista, um alta contínua do preço do barril do petróleo e o fim da tendência de queda
do dólar também podem piorar
as expectativas do mercado sobre
o futuro da inflação e, por conseqüência, sobre o fim do atual ciclo
de alta dos juros.
No pregão, o forte tombo da
ação da Petrobras (-4,64%) também prejudicou a Bolsa. Na véspera, a estatal divulgou um lucro
recorde de R$ 17,8 bilhões em
2004, mas o balanço não empolgou tanto os analistas.
"A Petrobras fechou 2004 com
resultado final estável, mas com
rentabilidade inferior, em um ano
marcado por queda no nível de
produção e defasagem nos preços
dos combustíveis no mercado doméstico", citou relatório do BES
(Banco Espírito Santo).
Hoje, os investidores acompanham o pronunciamento do presidente do Fed (BC americano),
Alan Greenspan, no Congresso.
No mercado de câmbio, o BC fará
leilão para vender 40 mil contratos de "swap" cambial, que podem pressionar o dólar. Ontem, a
compra de divisas pelo BC ajudou
também a elevar a cotação.
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