São Paulo, domingo, 02 de abril de 2000


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e@NEGÓCIOS
Brasil tem poucos internautas para muitos provedores; competição vai "matar" muitas empresas
Netnegócio cresce como bolha no país

Eduardo Knapp/Folha Imagem
O operador Marico Germano, 31, analisa a fundição de vridro utilizado na confecção da fibra óptica em fábrica de Campinas (SP)


LÁSZLÓ VARGA
MARCELO BILLI
da Reportagem Local


Um número excessivo de empresas já formou uma bolha no mercado de Internet brasileiro.
Mais de dez grandes provedores atuando num mercado que hoje tem espaço para três; menos de 3% da população conectada e apenas 2% dos internautas comprando na rede são indícios da inflação de empreendimentos. A bolha só não estoura, avaliam os analistas, se houver maior disseminação da Internet no Brasil.
"É inevitável um ajuste. Cada vez fica mais difícil ignorar que tem gente demais", avalia Sergio Lozinsky, da PricewaterhouseCoopers.

Falta internauta
Apenas 3% da população brasileira terá acesso à Internet neste ano. Uma estimativa mais otimista, da Abranet (associação nacional de provedores), prevê que o Brasil terá cerca de 8 milhões de usuários até dezembro.
Ainda é um universo pequeno de internautas para justificar o mais de US$ 1 bilhão gasto em publicidade pelos provedores de acesso, por exemplo (leia texto na página 2-4).
Aleksander Mandic, do iG, provedor de acesso grátis, admite que não há espaço para tantos provedores. Segundo Mandic, o mercado deve passar por "um processo de seleção natural" antes de as empresas se consolidarem e conseguirem gerar lucros.
Mesmo quem investe nas empresas de Internet admite que a mortalidade deve ser grande. "A média admitida pelos fundos é que de cada dez empresas em que eles investem, uma dará os retornos esperados", diz André Castellini, da Bain & Company.
Outro problema com a Internet no Brasil é o baixo volume de comércio eletrônico. Dos brasileiros que têm acesso à rede, apenas 2% fazem compras on line, segundo pesquisa da consultoria inglesa Saatch & Saatch.
A maioria (61%), de acordo com a mesma pesquisa, afirma utilizar a rede para fazer pesquisas de preços ou procurar alguma informação. Muitas vezes, o internauta brasileiro escolhe os produtos na Internet, imprime a página e vai à loja comprar.
Mesmo as empresas ainda utilizam pouco a Internet para fazer negócios. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, divulgada na semana passada, revelou que cerca de 94% das empresas pesquisadas possui uma página na Internet, mas apenas 5% utilizam a rede para fechar negócios.
Segundo a pesquisa, menos de 1% dos negócios das empresas são fechados pela Internet.

Internet móvel
Alguns analistas acreditam que o número de internautas brasileiros pode se expandir mais rapidamente com a Internet móvel.
No próximo semestre, a maioria das operadoras oferecerá equipamentos com acesso à Internet a preços mais acessíveis. Um microcomputador com equipamentos necessários à conexão na rede custa cerca de US$ 1.500. Os celulares mais simples que permitirão acesso à rede devem chegar ao mercado por US$ 150.
Os novos equipamentos não permitirão que o internauta visualize imagens, mas apenas textos. Isso, no entanto, é suficiente para tirar um extrato bancário, comprar um livro ou CD e consultar as notícias do dia.
Jaques Rosinzvaig, consultor da A. T. Kearney, afirma que o número de celulares no Brasil e na América Latina deve aumentar. Ele estima que em 2002 o número de celulares na América Latina deva chegar a 88,4 milhões, contra 8,6 milhões de computadores.
"Mas é cedo para fazer apostas. Ninguém sabe como o público vai utilizar e se adaptar aos novos serviços", afirma.

Mais micros
Os provedores também estão procurando maneiras de disseminar a Internet no Brasil. Depois do acesso gratuito, o próximo passo é financiar a compra de microcomputadores, permitindo que mais usuários acessem a rede.
O primeiro provedor a anunciar oficialmente a medida foi o BrFree, de Belo Horizonte, que vai começar a cadastrar os interessados amanhã. O provedor anunciou plano de financiamento em 36 meses, com prestações de cerca de R$ 60,00 mensais.
O América Online já havia anunciado, em janeiro, parceria com a IBM para facilitar a compra de equipamentos para os internautas.
O iG deve anunciar, nesta semana, projeto semelhante ao do BrFree, segundo Mandic.


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