São Paulo, domingo, 02 de abril de 2000


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Internauta teme pôr o cartão na rede

EDUARDO CUCOLO
da Reportagem Local

O internauta brasileiro trocou a fila nas lojas pela fila do banco. Desconfiado da segurança das operações realizadas na Internet, o mesmo consumidor que faz uma compra na rede em poucos minutos prefere imprimir uma nota em sua impressora e pagá-la no banco a fornecer o número do seu cartão de crédito. Com isso, inventou um produto genuinamente brasileiro: o boleto bancário eletrônico.
É por esse método que 38% das compras efetuadas na Internet brasileira são pagas. Em segundo lugar como método de pagamento está o cartão de crédito, com 22%. O restante é pago por meio de depósitos na conta corrente das lojas (20%) ou cartão de débito automático (20%).
"As pessoas gostam de ter um papel, um recibo da compra. É uma questão cultural", diz Candido Leonelli, diretor de produtos especiais do Bradesco, que reúne mais de 150 empresas em seu site.
No Brasil, ainda é pequeno o número de pessoas que têm cartão de crédito. Os americanos utilizam quase quatro vezes mais o cartão do que os brasileiros. Na Argentina, a utilização é 60% maior.
Mas, se o boleto bancário é uma solução "democrática", por permitir que os brasileiros que não têm cartão façam compras na rede, também é sinal de isolamento dos internautas do país.
"A unificação das formas de pagamento é um desafio para a expansão do comércio eletrônico, principalmente na América Latina", diz Lucas Grave, consultor da empresa americana Jupiter, especializada em Internet.
"Eu utilizo a Internet para comprar coisas que não existem aqui no Brasil e com o cartão eu posso fazer compras em qualquer loja do mundo", diz o internauta e publicitário Murilo Rosa, que costuma comprar CDs e livros em lojas americanas e européias.

O carteiro e a bicicleta
Os problemas de entrega são outra dificuldade enfrentada pelas empresas que querem entrar no comércio eletrônico no Brasil.
Segundo Grave, a falta de uma estrutura de entregas e estoques no país faz com que muitos sites tenham dificuldades em atender os clientes rapidamente.
A maioria das entregas de produtos comprados na Internet é feita pelos Correios, principalmente por meio do Sedex.
A diversidade nos meios de transporte utilizados pela empresa-desde o carteiro com bicicleta até o avião-faz com que a empresa leve vantagem principalmente na entrega de produtos pequenos.
"Os Correios estão sendo o "delivery" do comércio eletrônico no Brasil", diz Fausto Weiler, assessor da empresa.
A Americanas.com, por exemplo, conta com seis empresas de entrega para cobrir todas as suas necessidades. "Não encontramos nenhuma empresa que tivesse capacidade de entregar itens de diferentes tamanhos em todas as localidades do país", afirma o presidente da empresa, Pedro Donda.


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