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Internauta teme pôr o cartão na rede
EDUARDO CUCOLO
da Reportagem Local
O internauta brasileiro trocou a
fila nas lojas pela fila do banco.
Desconfiado da segurança das
operações realizadas na Internet,
o mesmo consumidor que faz
uma compra na rede em poucos
minutos prefere imprimir uma
nota em sua impressora e pagá-la
no banco a fornecer o número do
seu cartão de crédito. Com isso,
inventou um produto genuinamente brasileiro: o boleto bancário eletrônico.
É por esse método que 38% das
compras efetuadas na Internet
brasileira são pagas. Em segundo
lugar como método de pagamento está o cartão de crédito, com
22%. O restante é pago por meio
de depósitos na conta corrente
das lojas (20%) ou cartão de débito automático (20%).
"As pessoas gostam de ter um
papel, um recibo da compra. É
uma questão cultural", diz Candido Leonelli, diretor de produtos
especiais do Bradesco, que reúne
mais de 150 empresas em seu site.
No Brasil, ainda é pequeno o
número de pessoas que têm cartão de crédito. Os americanos utilizam quase quatro vezes mais o
cartão do que os brasileiros. Na
Argentina, a utilização é 60%
maior.
Mas, se o boleto bancário é uma
solução "democrática", por permitir que os brasileiros que não
têm cartão façam compras na rede, também é sinal de isolamento
dos internautas do país.
"A unificação das formas de pagamento é um desafio para a expansão do comércio eletrônico,
principalmente na América Latina", diz Lucas Grave, consultor da
empresa americana Jupiter, especializada em Internet.
"Eu utilizo a Internet para comprar coisas que não existem aqui
no Brasil e com o cartão eu posso
fazer compras em qualquer loja
do mundo", diz o internauta e publicitário Murilo Rosa, que costuma comprar CDs e livros em lojas
americanas e européias.
O carteiro e a bicicleta
Os problemas de entrega são
outra dificuldade enfrentada pelas empresas que querem entrar
no comércio eletrônico no Brasil.
Segundo Grave, a falta de uma
estrutura de entregas e estoques
no país faz com que muitos sites
tenham dificuldades em atender
os clientes rapidamente.
A maioria das entregas de produtos comprados na Internet é
feita pelos Correios, principalmente por meio do Sedex.
A diversidade nos meios de
transporte utilizados pela empresa-desde o carteiro com bicicleta até o avião-faz com que a empresa leve vantagem principalmente na entrega de produtos pequenos.
"Os Correios estão sendo o "delivery" do comércio eletrônico no
Brasil", diz Fausto Weiler, assessor da empresa.
A Americanas.com, por exemplo, conta com seis empresas de
entrega para cobrir todas as suas
necessidades. "Não encontramos
nenhuma empresa que tivesse capacidade de entregar itens de diferentes tamanhos em todas as localidades do país", afirma o presidente da empresa, Pedro Donda.
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