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e@NEGÓCIOS
País tem boom de candidatos a empreendedor na Net, mas só um em cem tem idéia viável economicamente
Sobra capital, mas faltam bons projetos
da Reportagem Local
Abrir um negócio na Internet se
transformou em febre e criou
uma nova "corrida do ouro" no
Brasil. O inusitado é que, desta
vez, sobra capital e faltam bons
projetos.
Bancos e fundos que investem
no setor recebem centenas de planos de negócios, mas poucos conseguem passar pela malha fina
dos analistas que decidem para
onde vai o dinheiro.
O entusiasmo com a "nova economia" brasileira é tamanho que
conseguiu despertar o interesse
de fundos de Venture Capital que
raramente aportavam no Brasil
(leia texto abaixo).
"Existe um apetite enorme por
projetos, mas faltam bons planos
de negócios", diz André Castellini, da consultoria Bain & Company, que estima em cerca de US$
1,5 bilhão o valor que investidores
pretendem injetar no Brasil nos
próximos três anos.
Boas idéias
Castellini usa o número de projetos aprovados para demonstrar
o quanto são raras as boas idéias:
de cada cem projetos analisados,
apenas um recebe recursos.
Além de terem idéias pouco
convincentes, o problema dos aspirantes a empresários é também
a estrutura do projeto.
"É imprescindível que o projeto
apresente uma idéia clara sobre
como o dinheiro será gasto e de
quando dará retorno", explica
Sérgio Lozinsky, sócio da PricewaterhouseCoopers.
Flávia Almeida, consultora da
McKinsey & Company, acredita
que a estrutura do projeto pode
contar mais do que sua originalidade.
Donos do dinheiro
Bancos e fundos de investimento -os pivôs da história, que decidem onde investir os recursos- esperam projetos que indiquem conhecimento de mercado,
estratégias de ação e vontade de
transformar o negócio em um líder de mercado.
Histórias como a de Edgar Nogueira -jovem carioca de 17
anos que criou o Aonde, site de
busca que já foi avaliado em R$ 10
milhões- são verídicas, mas são
uma exceção, dizem os analistas.
"Não existe o empreendedor
"bicho-grilo", que acorda, tem
uma grande idéia e fica milionário", diz Alberto Tamer, diretor
de "private equity" do Banc Boston Capital, que tem carteira de
investimento em Internet de US$
2 bilhões em todo o mundo.
Segundo Tamer, a maior parte
dos projetos aprovados é elaborada por jovens de até 35 anos. "No
entanto, a maioria tem cursos de
pós-graduação no exterior e experiência profissional".
Em busca de lucro
Para Maria Amália Coutrim, diretora do Opportunity, os critérios para investir em Internet não
são exclusivos. "É um negócio como qualquer outro. Ninguém financia um sonho se não avaliar
que ele dará lucro", diz.
O Opportunity está preparando
um novo fundo para investimentos em negócios da "nova economia". Segundo Amália, as metas
são captar pelo menos R$ 400 milhões no Brasil e US$ 500 milhões
no exterior. O banco já investiu
pelo menos US$ 60 milhões no iG,
um dos provedores de acesso grátis, em parceria com o GP, que investiu outros US$ 60 milhões no
projeto.
Outra instituição que se prepara
para lançar um fundo de investimentos em Internet é o Fleming
Graphus que, há algumas semanas, organizou conferência para
170 potenciais investidores.
O objetivo é captar pelo menos
US$ 200 milhões e investi-los em
novas empresas da Internet.
A South Net, incubadora de
projetos que reservou US$ 210
milhões para investir no Brasil e já
recebeu mais de três centenas de
propostas, selecionou até agora
dois negócios.
"Não queremos investir em tudo que aparecer. Vamos selecionar no máximo oito projetos", diz
Thomas Yazima, sócio-diretor da
incubadora.
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