São Paulo, domingo, 02 de abril de 2000


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e@NEGÓCIOS
País tem boom de candidatos a empreendedor na Net, mas só um em cem tem idéia viável economicamente
Sobra capital, mas faltam bons projetos


da Reportagem Local

Abrir um negócio na Internet se transformou em febre e criou uma nova "corrida do ouro" no Brasil. O inusitado é que, desta vez, sobra capital e faltam bons projetos.
Bancos e fundos que investem no setor recebem centenas de planos de negócios, mas poucos conseguem passar pela malha fina dos analistas que decidem para onde vai o dinheiro.
O entusiasmo com a "nova economia" brasileira é tamanho que conseguiu despertar o interesse de fundos de Venture Capital que raramente aportavam no Brasil (leia texto abaixo).
"Existe um apetite enorme por projetos, mas faltam bons planos de negócios", diz André Castellini, da consultoria Bain & Company, que estima em cerca de US$ 1,5 bilhão o valor que investidores pretendem injetar no Brasil nos próximos três anos.

Boas idéias
Castellini usa o número de projetos aprovados para demonstrar o quanto são raras as boas idéias: de cada cem projetos analisados, apenas um recebe recursos.
Além de terem idéias pouco convincentes, o problema dos aspirantes a empresários é também a estrutura do projeto.
"É imprescindível que o projeto apresente uma idéia clara sobre como o dinheiro será gasto e de quando dará retorno", explica Sérgio Lozinsky, sócio da PricewaterhouseCoopers.
Flávia Almeida, consultora da McKinsey & Company, acredita que a estrutura do projeto pode contar mais do que sua originalidade.

Donos do dinheiro
Bancos e fundos de investimento -os pivôs da história, que decidem onde investir os recursos- esperam projetos que indiquem conhecimento de mercado, estratégias de ação e vontade de transformar o negócio em um líder de mercado.
Histórias como a de Edgar Nogueira -jovem carioca de 17 anos que criou o Aonde, site de busca que já foi avaliado em R$ 10 milhões- são verídicas, mas são uma exceção, dizem os analistas.
"Não existe o empreendedor "bicho-grilo", que acorda, tem uma grande idéia e fica milionário", diz Alberto Tamer, diretor de "private equity" do Banc Boston Capital, que tem carteira de investimento em Internet de US$ 2 bilhões em todo o mundo.
Segundo Tamer, a maior parte dos projetos aprovados é elaborada por jovens de até 35 anos. "No entanto, a maioria tem cursos de pós-graduação no exterior e experiência profissional".

Em busca de lucro
Para Maria Amália Coutrim, diretora do Opportunity, os critérios para investir em Internet não são exclusivos. "É um negócio como qualquer outro. Ninguém financia um sonho se não avaliar que ele dará lucro", diz.
O Opportunity está preparando um novo fundo para investimentos em negócios da "nova economia". Segundo Amália, as metas são captar pelo menos R$ 400 milhões no Brasil e US$ 500 milhões no exterior. O banco já investiu pelo menos US$ 60 milhões no iG, um dos provedores de acesso grátis, em parceria com o GP, que investiu outros US$ 60 milhões no projeto.
Outra instituição que se prepara para lançar um fundo de investimentos em Internet é o Fleming Graphus que, há algumas semanas, organizou conferência para 170 potenciais investidores.
O objetivo é captar pelo menos US$ 200 milhões e investi-los em novas empresas da Internet.
A South Net, incubadora de projetos que reservou US$ 210 milhões para investir no Brasil e já recebeu mais de três centenas de propostas, selecionou até agora dois negócios.
"Não queremos investir em tudo que aparecer. Vamos selecionar no máximo oito projetos", diz Thomas Yazima, sócio-diretor da incubadora.


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