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BOLSAS
Falência do Tiger Management é um exemplo de má performance de um fundo de alto risco nos EUA
Volatilidade abala confiança nas ações
do "The New York Times"
Como explicar a volatilidade
das ações? O índice industrial médio Dow Jones caiu 16% entre seu
pico, na metade de janeiro, e seu
ponto mais baixo, no começo de
março. Em Londres, o FTSE-100
caiu ao nível dos seis mil por duas
vezes em fevereiro. Março foi melhor, mas o FTSE apresentou queda de 6% no trimestre.
Trata-se, no entanto, de índices
em larga medida vinculados à velha economia.
Nos Estados Unidos, o índice
Nasdaq, rico em ações do setor de
tecnologia, subiu 24% no período, até chegar ao seu pico em
março. O Techmark 100, de Londres, chegou a apresentar alta de
51% em determinado momento,
mas a semana passada foi brutal e
seus ganhos se reduziram a 15%.
Além da mania da ações do setor de tecnologia, os mercados de
capitais também tiveram um prêmio, dado pelos bônus de longo
prazo. O rendimento dos bônus
de longo prazo do Tesouro dos
Estados Unidos caiu de quase
6,5% a apenas 5,9%.
Isso é estranho em um período
em que o Federal Reserve (Fed,
banco central norte-americano),
elevou as taxas de juros em ritmo
semelhante, e as pressões inflacionárias continuam preocupantes.
Bolsas
No entanto, depois de um inverno indiferente, as Bolsas de Valores estão agora caminhando rumo à primavera e ao começo do
verão, normalmente um dos melhores períodos para elas.
Para além de fevereiro, o ímpeto
de alta poderia ser reafirmado,
mas havia um risco cada vez
maior de que acontecesse o grande "crash", há tempo temido pelos pessimistas.
A volatilidade foi imensa ao longo do trimestre e não apenas no
setor de tecnologia, onde a especulação chegou a níveis absurdos.
O índice do setor bancário britânico registrou súbita queda de
24% no começo do ano, seguida
rapidamente por uma recuperação da ordem dos 19%.
Um grupo de investidores, ao
que parece, entrou em pânico
com a idéia de que a Internet fosse
destruir os bancos de varejo e
suas vastas e dispendiosas cadeias
de agências. A seguir, os compradores calcularam que sites na Internet poderiam representar uma
ótima nova oportunidade de negócios para os banqueiros.
Essa espécie de volatilidade pode estar refletindo, em parte, o
triste fim de muitos dos tradicionais investidores em valor -os
estrategistas "do contra", que
vendem ações que parecem caras
e as recompram quando voltam a
parecer baratas.
Julian Roberson, da Tiger Management, um conhecido grupo
de fundos de "hedge" de Nova
York, é o mais recente dos investidores em valor a desistir depois
de apresentar resultados fracos.
A economia global continuou a
se acelerar e, ainda que os preços
das commodities tenham se mantido quietos, houve sinais de alerta dos mercados de petróleo cru,
onde o balanço de poder voltou a
se inclinar firmemente na direção
dos produtores.
De certa forma, as Bolsas de Valores parecem estar presumindo
que a economia mundial vai perder velocidade. A corrida do ano
passado pela compra de algumas
ações cíclicas foi revertida. A única coisa que poderia perturbar os
mercados seria a debilidade do
dólar. No entanto, a moeda norte-americana continua a parecer
muito sólida, a despeito do déficit
comercial cada vez maior dos Estados Unidos. Mas isso vai durar?
O risco de um ajuste abrupto desses desequilíbrios é bastante alto,
ainda que não necessariamente
iminente. No entanto, é preocupante ver que os políticos, bem
como os financistas, agora se consideram capazes de caminhar sobre as águas.
Tradução de Paulo Migliacci
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