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POLÍTICA INDUSTRIAL
Banco estatal pedirá um mínimo de 60% de conteúdo nacional em projetos que demandarem financiamento
BNDES vai exigir contrapartida nacional
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) vai exigir conteúdo nacional mínimo de 60% ou a certificação de que os produtos sejam feitos no Brasil para financiar projetos nas áreas de software, medicamentos e bens de capital.
Ontem, o banco anunciou detalhes das novas linhas de financiamento para esses setores, dentro
da proposta da política industrial
do governo Lula, divulgada anteontem e que prevê financiamentos de R$ 14,5 bilhões neste
ano por parte de agentes federais,
incluindo o BNDES.
Só para os três segmentos o
banco estatal terá disponível ao
menos R$ 1,1 bilhão em 2004. O
banco considera essas áreas estratégicas por seu conteúdo tecnológico, encadeamentos com outros
setores e impacto no balanço de
pagamentos.
No caso dos medicamentos e
bens de capital, foram criadas linhas para financiar o aumento da
produção, com a exigência de que
ao menos 60% das encomendas
sejam feitas à indústria nacional.
Segundo a interpretação do
BNDES, a regra não fere normas
internacionais de comércio. No
passado, o Brasil assinou compromisso com a OMC (Organização Mundial do Comércio) que o
impedia de exigir que empresas
do setor privado comprassem
bens de fabricantes nacionais.
Para o ramo de software, o
BNDES informou que espera desembolsar R$ 100 milhões neste
ano. No caso de bens de capital
(apenas os sob encomenda para
compor uma nova linha de produção, como um alto-forno siderúrgico, por exemplo) e dos medicamentos e fármacos (princípio
ativo), a previsão é emprestar R$
500 milhões para cada setor.
O governo já havia anunciado
uma linha de crédito com juros
prefixados -a Modermaq- para máquinas prontas, cujo previsão de financiamentos neste ano é
de R$ 2,5 bilhão.
Para os softwares, haverá uma
linha destinada a financiar os
compradores com juros prefixados -TJLP (Taxa de Juro de Longo Prazo), que está em 9,75% ao
ano, acrescida de 5% ao ano (1%
para o BNDES e 4% para o banco
que repassar os recursos). Será
exigida dos softwares a certificação de produção no país.
Desembolsos maiores
De acordo com o diretor da área
industrial do BNDES, Fábio Erber, se a demanda de projetos para esses setores for maior do que o
previsto, o banco tem recursos
para ampliar os desembolsos.
"São apenas valores estimados.
Esses setores são motores do progresso tecnológico, que terão o
apoio do banco", disse.
O BNDES também terá outras
duas linhas -uma na áreas de
fármacos e outra na de software- que apoiarão fusões e aquisições entre empresas de capital
100% nacional.
Nesse caso, o banco poderá financiar o negócio ou se tornar sócio das empresas, injetando capital por meio da BNDESpar, braço
de participações do banco estatal.
Para os bens de capital, haverá
ainda uma linha para financiar as
empresas responsáveis pelo leasing dos equipamentos.
Ciro Mortella, presidente-executivo da Federação Brasileira da
Indústria Farmacêutica, disse que
o setor ainda não analisou as condições das linhas do banco nem se
elas são positivas para o setor.
Ele disse, porém, que "mais importante do que ter os recursos
são as condições impostas, que, às
vezes, dificultam o acesso ao financiamento".
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