São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009

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Vendas de carros nos EUA caem até 45%

Dados deixam mais dramática situação da General Motors e da Chrysler, que podem entrar em concordata

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Resultados dramáticos da venda de carros no mês passado nos EUA levaram as gigantes GM e Chrysler, que só sobrevivem graças a ajuda federal, para mais perto da concordata ontem. A GM informou queda de 45% ante março de 2008, e a Chrysler, de 39%.
As perdas foram generalizadas. As da Ford, que afirma que não recorrerá à ajuda federal, foram de 41%, e as Volkswagen, de 20%. As da Toyota, que ultrapassou a GM no ano passado como a maior montadora do mundo, foram de 39%. A Honda vendeu 36% menos, e a Nissan, 38%. Os dados excluem vendas a operadoras de grandes frotas, como locadoras.
Apesar de ruins, os resultados superaram as expectativas, em parte pela impulsão dada a incentivos e planos de compras generosos. A Chrysler afirmou que março foi o melhor mês desde setembro. As montadoras esperam que a recuperação comece nos próximos meses.
Para a GM e a Chrysler, porém, pode ser tarde demais. As duas já receberam US$ 17,4 bilhões em empréstimos federais desde dezembro. Para continuarem a obter ajuda, o governo estipulou que a GM tem até 1º de junho para elaborar um plano de restruturação viável, e a Chrysler tem 30 dias para fechar uma parceria com a Fiat.
A alternativa seria enfrentar um processo de concordata estruturado, que parece ser a opção preferida por Barack Obama, especialmente para a GM. No processo, a empresa seria dividida em duas partes, uma "boa" e uma "ruim".
O plano tem algumas particularidades. Normalmente, em uma concordata pré-acordada, todos os credores, fornecedores e empregados aprovam o plano antes de a empresa entrar com o pedido na Justiça. Agora, porém, o governo quer conquistar o apoio de alguns credores e prosseguir com a divisão da montadora por cima das objeções do restante.
Como compensação, entraria dinheiro público na jogada. Seria usada a seção 363 do código de concordatas dos EUA para vender rapidamente bens valiosos a uma nova companhia financiada pelo governo. Bens de fraco desempenho seriam deixados na parte "ruim", que também receberia lucros da venda dos bens valiosos para ajudar a pagar a credores.
No Brasil, o processo similar à concordata pré-acordada é a recuperação judicial, em que os credores negociam um plano de recuperação que, se não for aprovado ou não atingir metas, pode terminar em falência decretada pela Justiça.


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