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Vendas de carros nos EUA caem até 45%
Dados deixam mais dramática situação da General Motors e da Chrysler, que podem entrar em concordata
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Resultados dramáticos da
venda de carros no mês passado nos EUA levaram as gigantes GM e Chrysler, que só sobrevivem graças a ajuda federal, para mais perto da concordata ontem. A GM informou
queda de 45% ante março de
2008, e a Chrysler, de 39%.
As perdas foram generalizadas. As da Ford, que afirma que
não recorrerá à ajuda federal,
foram de 41%, e as Volkswagen,
de 20%. As da Toyota, que ultrapassou a GM no ano passado
como a maior montadora do
mundo, foram de 39%. A Honda vendeu 36% menos, e a Nissan, 38%. Os dados excluem
vendas a operadoras de grandes frotas, como locadoras.
Apesar de ruins, os resultados superaram as expectativas,
em parte pela impulsão dada a
incentivos e planos de compras
generosos. A Chrysler afirmou
que março foi o melhor mês
desde setembro. As montadoras esperam que a recuperação
comece nos próximos meses.
Para a GM e a Chrysler, porém, pode ser tarde demais. As
duas já receberam US$ 17,4 bilhões em empréstimos federais
desde dezembro. Para continuarem a obter ajuda, o governo estipulou que a GM tem até
1º de junho para elaborar um
plano de restruturação viável, e
a Chrysler tem 30 dias para fechar uma parceria com a Fiat.
A alternativa seria enfrentar
um processo de concordata estruturado, que parece ser a opção preferida por Barack Obama, especialmente para a GM.
No processo, a empresa seria
dividida em duas partes, uma
"boa" e uma "ruim".
O plano tem algumas particularidades. Normalmente, em
uma concordata pré-acordada,
todos os credores, fornecedores e empregados aprovam o
plano antes de a empresa entrar com o pedido na Justiça.
Agora, porém, o governo quer
conquistar o apoio de alguns
credores e prosseguir com a divisão da montadora por cima
das objeções do restante.
Como compensação, entraria dinheiro público na jogada.
Seria usada a seção 363 do código de concordatas dos EUA para vender rapidamente bens
valiosos a uma nova companhia
financiada pelo governo. Bens
de fraco desempenho seriam
deixados na parte "ruim", que
também receberia lucros da
venda dos bens valiosos para
ajudar a pagar a credores.
No Brasil, o processo similar
à concordata pré-acordada é a
recuperação judicial, em que os
credores negociam um plano
de recuperação que, se não for
aprovado ou não atingir metas,
pode terminar em falência decretada pela Justiça.
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