São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2010
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Saldo comercial cai 70% no 1º trimestre
Exportações se recuperam, mas as importações seguem a um ritmo elevado devido ao dinamismo do mercado interno
EDUARDO RODRIGUES DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Apesar de ter registrado recordes para o mês tanto nas exportações como nas importações, o superavit de apenas US$ 668 milhões na balança comercial brasileira em março foi o pior para o período desde 2002. No trimestre, o ritmo veloz das compras do exterior já derrubou em 70% o saldo de trocas na comparação com o começo do ano passado. Com o início dos embarques da safra e a melhora do produção industrial, as vendas de bens brasileiros para outros países totalizaram US$ 15,727 bilhões em março. Em relação ao mesmo mês de 2009, quando a crise financeira internacional praticamente estancava o comércio mundial, o aumento foi de 27,4%. "O crescimento foi superior à queda de 14,9% registrada em março do ano passado nessa comparação", afirmou o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral. O desempenho no mês passado foi marcado pela recuperação das vendas das indústrias de carros e autopeças, com expansão de 40% sobre o período anterior. Além disso, houve aumento expressivo nos preços de itens importantes da pauta de exportações, como petróleo, açúcar e celulose. "A recuperação em março também mostrou a retomada do poder de compras de mercados importantes para o Brasil", ressaltou Barral. As vendas para a Argentina no mês, por exemplo, foram 49,7% superiores às apuradas em 2009. Considerando toda a América Latina, tradicional compradora de produtos industrializados, a expansão na região foi de 53,5%. As exportações de minério de ferro também aumentaram: 25,7% no primeiro trimestre em relação ao ano passado, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). No entanto, as importações brasileiras seguem a um ritmo elevado, devido ao mercado interno aquecido e à necessidade do setor industrial em adquirir matérias-primas para aumentar a produção. "A própria estrutura cambial do país estimula a compra de bens estrangeiros", disse o secretário. Na comparação com o ano passado, o crescimento da entrada de mercadorias no Brasil em março foi de 43,3%. Além do destacado fôlego nas compras de automóveis, no mês ainda houve a importação de US$ 368 milhões em vacinas contra a gripe A (H1N1). Para Barral, a partir da análise das projeções de crescimento e inflação para este ano, a velocidade de aumento das importações deve continuar superior à recuperação das vendas em 2010. A meta do governo para as exportações até dezembro é de US$ 168 bilhões, mas não existe estimativa oficial para a outra ponta do comércio. O impacto direto desse descompasso está no saldo comercial, que apesar de ter quase dobrado na comparação com o superavit de fevereiro, ainda foi bem inferior ao resultado de março de 2009, que chegou a US$ 1,756 bilhão. Segundo a coordenadora do Centro de Estudos de Comércio Exterior da FGV/Ibre, Lia Valls, todos os cenários no momento apontam para saldos menores na balança comercial. "E com a consequência disso para o deficit nas transações externas (resultado de todas as operações do Brasil com o exterior), o país precisa garantir meios de se financiar", avalia. Para a economista, no curto prazo, uma ligeira alta nesse deficit não preocupa, mas o prolongamento da situação pode virar um problema. Para tentar contrabalançar, o governo prepara há meses um pacote de incentivos aos exportadores, inclusive com a criação de banco de fomento. Segundo apurou a Folha, a proposta já está nas mãos do presidente Lula, e deve ser publicada na próxima semana. Texto Anterior: Maria Fernanda Ramos Coelho: As taxas de juros e o cliente fiel Próximo Texto: Encomendas feitas por países vizinhos salvam as exportações Índice |
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