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Encomendas feitas por países vizinhos salvam as exportações
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
A recuperação mundial dos
preços de produtos básicos está
ajudando o Brasil a recompor
parte da queda da exportação
de manufaturas devido à crise.
Com a melhora das cotações de
commodities como petróleo,
cobre e carne, países vizinhos
retomam encomendas.
Levantamento do economista-chefe do Santander e ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman, mostra
que Argentina, Chile, Venezuela, México e Colômbia compraram do Brasil, em fevereiro,
54% mais do que em maio de
2009, logo após o momento
mais crítico da crise. Nossas
vendas para eles, tanto de commodities quanto de manufaturas, subiram US$ 1,45 bilhão
para US$ 2,23 bilhões.
Naquele maio de 2009, as
vendas brasileiras para os cinco
países tinham caído 42% na
média trimestral em relação a
setembro de 2008, quando a
crise se agravou e o resultado
era de US$ 2,5 bilhões.
Os cinco países compram
75% das exportações brasileiras para a América Latina. Os
dados consideram a média dos
últimos três meses, sem os efeitos sazonais.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, as exportações
brasileiras totais entre janeiro
e fevereiro estão 21,3% acima
do primeiro bimestre de 2009,
em US$ 23,5 bilhões.
O grande benefício dessa recuperação das compras dos vizinhos, segundo especialistas, é
que, de tudo o que compram do
Brasil, mais de 90% são manufaturas (bens acabados, produzidos a partir da matéria-prima,
com baixa ou alta tecnologia).
Segundo Schwartsman, eles
respondem por quase um terço
(30,7%) das compras mundiais
das manufaturas brasileiras. Os
Estados Unidos compram menos de um sétimo das nossas
manufaturas (13,6%) e a União
Europeia, um quinto (20,3%).
"A recuperação das compras
pelos cinco está ligada à recuperação dos preços das commodities, que lhes permite retomar o poder de compra das
manufaturas brasileiras."
Sem a ajuda dos vizinhos, a
presença dos manufaturados
na pauta de exportação brasileira estaria ainda mais pífia.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o peso das manufaturas nos dois primeiros
meses deste ano é de 44,75%, o
pior percentual dos últimos 20
anos, deteriorado pelo câmbio
e agravado com a crise.
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