São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2010

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Encomendas feitas por países vizinhos salvam as exportações

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A recuperação mundial dos preços de produtos básicos está ajudando o Brasil a recompor parte da queda da exportação de manufaturas devido à crise. Com a melhora das cotações de commodities como petróleo, cobre e carne, países vizinhos retomam encomendas.
Levantamento do economista-chefe do Santander e ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman, mostra que Argentina, Chile, Venezuela, México e Colômbia compraram do Brasil, em fevereiro, 54% mais do que em maio de 2009, logo após o momento mais crítico da crise. Nossas vendas para eles, tanto de commodities quanto de manufaturas, subiram US$ 1,45 bilhão para US$ 2,23 bilhões.
Naquele maio de 2009, as vendas brasileiras para os cinco países tinham caído 42% na média trimestral em relação a setembro de 2008, quando a crise se agravou e o resultado era de US$ 2,5 bilhões.
Os cinco países compram 75% das exportações brasileiras para a América Latina. Os dados consideram a média dos últimos três meses, sem os efeitos sazonais.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, as exportações brasileiras totais entre janeiro e fevereiro estão 21,3% acima do primeiro bimestre de 2009, em US$ 23,5 bilhões.
O grande benefício dessa recuperação das compras dos vizinhos, segundo especialistas, é que, de tudo o que compram do Brasil, mais de 90% são manufaturas (bens acabados, produzidos a partir da matéria-prima, com baixa ou alta tecnologia).
Segundo Schwartsman, eles respondem por quase um terço (30,7%) das compras mundiais das manufaturas brasileiras. Os Estados Unidos compram menos de um sétimo das nossas manufaturas (13,6%) e a União Europeia, um quinto (20,3%).
"A recuperação das compras pelos cinco está ligada à recuperação dos preços das commodities, que lhes permite retomar o poder de compra das manufaturas brasileiras."
Sem a ajuda dos vizinhos, a presença dos manufaturados na pauta de exportação brasileira estaria ainda mais pífia. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o peso das manufaturas nos dois primeiros meses deste ano é de 44,75%, o pior percentual dos últimos 20 anos, deteriorado pelo câmbio e agravado com a crise.


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