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Origem do rombo gera divergências
da Reportagem Local
Uma eventual disputa entre os
ex-controladores do Noroeste e a
Price Waterhouse terá como ponto central confirmar quando (e como) foi identificado o rombo de
US$ 242 milhões.
Segundo a versão defendida pelas famílias Wallace e Simonsen, a
suspeita teria surgido em reunião
da diretoria, em janeiro último,
quando o diretor-gerente Jayme
Marques de Souza percebeu que
havia depósitos altos, na agência
das Ilhas Cayman, sem rendimentos. Nessa ocasião, o grupo teria
pedido à Price uma auditoria específica, quando foram constatadas as proporções do desfalque.
Essas operações, ainda segundo
essas mesmas fontes do banco, teriam passado despercebidas pelo
Chase Manhattan, que cuidou dos
preparativos para oferecer o banco à venda, em março de 1997, e
pelos auditores da Arthur Andersen, contratados pelo Santander.
A favor da Price Waterhouse, há
especialistas que não aceitam essa
versão. A homologação da compra do Noroeste foi submetida ao
Banco Central, que examinou todos os documentos, incluindo,
certamente, os registros e procedimentos da firma de auditoria.
A nota oficial (fato relevante)
que oficializa a transação entre os
dois bancos, aprovada pelo Banco
Central, cita explicitamente que as
práticas irregulares foram identificadas pelas auditorias interna (do
banco) e externa (Price), com participação conjunta do Santander.
O parecer dos auditores do balanço do ano de 1997 foi firmado
em 26 de março último, um dia
antes da conclusão da alienação.
Ou seja, os trabalhos de auditoria
foram encerrados com a homologação do BC, o que sugere que não
teria havido restrições oficiais.
Como os prejuízos apontados
em 1997 foram cobertos pelos
acionistas controladores -fato
registrado sem maior transparência, no balanço, por decisão do
banco- ficaria implícito que episódios semelhantes nos anos anteriores foram considerados pela
Price apenas "falhas de controle",
não envolvendo volumes que caracterizassem fraude.
Os ex-controladores não entendem assim. Segundo sua versão,
em junho de 1997 já tinha desaparecido 70% do total do desfalque.
Ou seja, operações fraudulentas
em 1995 e 1996 não teriam sido detectadas pelo auditor.
Diferentemente do caso do Nacional, entende-se que no Noroeste não houve uma "fraude corporativa", envolvendo supostamente
a cúpula do banco, e sim um caso
de desfalque. Diferentemente do
Econômico, quando foram identificados desvios de recursos para
um paraíso fiscal, os auditores do
banco baiano (Ernst & Young)
não auditavam as contas da agência externa. A auditoria da agência
do Noroeste nas Ilhas Cayman era
feita pela Price.
(FV)
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