São Paulo, quinta, 2 de abril de 1998

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Origem do rombo gera divergências

da Reportagem Local

Uma eventual disputa entre os ex-controladores do Noroeste e a Price Waterhouse terá como ponto central confirmar quando (e como) foi identificado o rombo de US$ 242 milhões.
Segundo a versão defendida pelas famílias Wallace e Simonsen, a suspeita teria surgido em reunião da diretoria, em janeiro último, quando o diretor-gerente Jayme Marques de Souza percebeu que havia depósitos altos, na agência das Ilhas Cayman, sem rendimentos. Nessa ocasião, o grupo teria pedido à Price uma auditoria específica, quando foram constatadas as proporções do desfalque.
Essas operações, ainda segundo essas mesmas fontes do banco, teriam passado despercebidas pelo Chase Manhattan, que cuidou dos preparativos para oferecer o banco à venda, em março de 1997, e pelos auditores da Arthur Andersen, contratados pelo Santander.
A favor da Price Waterhouse, há especialistas que não aceitam essa versão. A homologação da compra do Noroeste foi submetida ao Banco Central, que examinou todos os documentos, incluindo, certamente, os registros e procedimentos da firma de auditoria.
A nota oficial (fato relevante) que oficializa a transação entre os dois bancos, aprovada pelo Banco Central, cita explicitamente que as práticas irregulares foram identificadas pelas auditorias interna (do banco) e externa (Price), com participação conjunta do Santander.
O parecer dos auditores do balanço do ano de 1997 foi firmado em 26 de março último, um dia antes da conclusão da alienação. Ou seja, os trabalhos de auditoria foram encerrados com a homologação do BC, o que sugere que não teria havido restrições oficiais.
Como os prejuízos apontados em 1997 foram cobertos pelos acionistas controladores -fato registrado sem maior transparência, no balanço, por decisão do banco- ficaria implícito que episódios semelhantes nos anos anteriores foram considerados pela Price apenas "falhas de controle", não envolvendo volumes que caracterizassem fraude.
Os ex-controladores não entendem assim. Segundo sua versão, em junho de 1997 já tinha desaparecido 70% do total do desfalque. Ou seja, operações fraudulentas em 1995 e 1996 não teriam sido detectadas pelo auditor.
Diferentemente do caso do Nacional, entende-se que no Noroeste não houve uma "fraude corporativa", envolvendo supostamente a cúpula do banco, e sim um caso de desfalque. Diferentemente do Econômico, quando foram identificados desvios de recursos para um paraíso fiscal, os auditores do banco baiano (Ernst & Young) não auditavam as contas da agência externa. A auditoria da agência do Noroeste nas Ilhas Cayman era feita pela Price. (FV)



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