São Paulo, quinta, 2 de abril de 1998

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CASO NOROESTE
BC encaminhará notícia-crime
Desvio será comunicado a promotores

da Sucursal de Brasília

O Banco Central deve encaminhar nos próximos dias notícia-crime ao Ministério Público contra ex-administradores do Banco Noroeste por prática de crimes definidos na Lei do Colarinho Branco (contra o sistema financeiro nacional).
Segundo a Folha apurou, também deve ser aberto um processo administrativo para investigar as contas do Noroeste e a responsabilidade de administradores ou gestores na prática dos crimes.
Nesse último caso, confirmada a participação nas irregularidades, os responsáveis podem ser punidos com multa e até inabilitação para atuar no sistema financeiro.
Documentos já recolhidos pelo BC indicam a existência de crimes como evasão de divisas, formação de "caixa dois" (desvio de dinheiro para contabilidade paralela) e divulgação de informação falsa ou incompleta sobre o banco.
A penalidade para cada um desses crimes é reclusão de dois a seis anos, mais pagamento de multa. As penas são cumulativas e podem chegar a 18 anos.
O grupo espanhol Santander descobriu que faltavam US$ 242 milhões nas contas do Noroeste quando finalizava a operação de aquisição do banco brasileiro. Esse dinheiro desapareceu por meio da agência do Noroeste nas Ilhas Cayman, conhecido paraíso fiscal.
O rombo foi comunicado ao BC que, a partir daí, impôs aos ex-controladores do Noroeste a reposição dos US$ 242 milhões em dinheiro vivo. Além disso, foram colocados à disposição do Santander mais US$ 120 milhões para cobrir futuras perdas.
Documentação
A Price Waterhouse, empresa que auditava as contas do Noroeste, enviou ao BC o relatório que aponta as irregularidades praticadas pela área internacional.
Uma das maiores empresas de auditoria do mundo, a Price só descobriu as fraudes recentemente, depois que o Santander pediu maiores informações sobre as operações feitas pela agência nas Ilhas Cayman. As irregularidades aconteciam desde 1995.
O BC não acredita que a responsabilidade pelo sumiço do dinheiro seja apenas do diretor da área internacional do banco.
Como o BC não tem convênio com as Ilhas Cayman para investigar subsidiárias de bancos brasileiros, o Santander poderá autorizar a abertura de suas contas ao BC e também investigar o caso.



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