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"BLITZ"
Convocação de inadimplentes é suspensa
Unibanco pára de renegociar em hotel
FÁTIMA FERNANDES
MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local
O Unibanco encerrou ontem,
com dois dias de antecedência, a
renegociação de dívidas de clientes inadimplentes que estava
ocorrendo em quartos do hotel
Hilton, no centro de São Paulo.
Esse processo de renegociação,
no qual alguns clientes inadimplentes eram convocados pelo
banco a comparecer no hotel e
depois subir aos quartos para
discutir abatimentos e parcelamentos das dívidas, foi divulgado ontem pela Folha. O Unibanco queria que a estratégia fosse
executada sem alardes.
A direção do banco informa
que a atual etapa de renegociação com os clientes devedores
cumpriu as metas estabelecidas
-cerca de 25 a 30 renegociações
diariamente- e, por essa razão,
a "blitz" foi encerrada antes do
prazo determinado.
Paulo Gaspar, diretor de crédito e cobrança do Unibanco, informa que o processo de renegociação de dívidas de clientes inadimplentes é permanente e vai
continuar ocorrendo nas agências do banco.
Uma ação mais intensa para
acertar as contas com o inadimplente, assim como estava ocorrendo há cerca de dez dias no
Hilton, pode voltar a ocorrer. A
data e o local ainda não foram
determinados.
Mas para ser beneficiado com
descontos e prazo para pagamento dos débitos, o inadimplente precisa ser convocado por
meio de telegrama ou carta.
Ontem, o Sindicato dos Bancários criticou o procedimento do
Unibanco, alegando que os funcionários do banco envolvidos
na renegociação trabalham mais
que a carga horária da categoria
e não recebem horas extras.
"Os funcionários ficam à disposição dos clientes, às vezes até
de madrugada", disse Clarice
Torquato, diretora do sindicato.
O Unibanco nega as acusações,
dizendo que boa parte dos funcionários envolvidos no processo é terceirizada e trabalha em
empresas de cobrança.
"Apenas os funcionários de supervisão participam da renegociação com os inadimplentes e
eles não são obrigados a trabalhar mais do que está estabelecido no contrato de trabalho", diz
Gaspar.
O sindicato reafirma que os
funcionários utilizados são do
próprio banco. Em negociação
com o Unibanco no final do ano
passado, diretores da instituição
haviam prometido aos sindicalistas não usar bancários para tal
atividade, mas não cumpriram a
promessa, disse Torquato.
O sindicato também desaprova
o fato de o banco ter alojado funcionários no hotel durante todo
o período da blitz, de até duas
semanas.
Gaspar diz que o banco nunca
obrigou funcionários a dormir
em hotel, pois eles residem em
São Paulo.
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