São Paulo, quinta, 2 de abril de 1998

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"BLITZ"
Convocação de inadimplentes é suspensa
Unibanco pára de renegociar em hotel

FÁTIMA FERNANDES
MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

O Unibanco encerrou ontem, com dois dias de antecedência, a renegociação de dívidas de clientes inadimplentes que estava ocorrendo em quartos do hotel Hilton, no centro de São Paulo.
Esse processo de renegociação, no qual alguns clientes inadimplentes eram convocados pelo banco a comparecer no hotel e depois subir aos quartos para discutir abatimentos e parcelamentos das dívidas, foi divulgado ontem pela Folha. O Unibanco queria que a estratégia fosse executada sem alardes.
A direção do banco informa que a atual etapa de renegociação com os clientes devedores cumpriu as metas estabelecidas -cerca de 25 a 30 renegociações diariamente- e, por essa razão, a "blitz" foi encerrada antes do prazo determinado.
Paulo Gaspar, diretor de crédito e cobrança do Unibanco, informa que o processo de renegociação de dívidas de clientes inadimplentes é permanente e vai continuar ocorrendo nas agências do banco.
Uma ação mais intensa para acertar as contas com o inadimplente, assim como estava ocorrendo há cerca de dez dias no Hilton, pode voltar a ocorrer. A data e o local ainda não foram determinados.
Mas para ser beneficiado com descontos e prazo para pagamento dos débitos, o inadimplente precisa ser convocado por meio de telegrama ou carta.
Ontem, o Sindicato dos Bancários criticou o procedimento do Unibanco, alegando que os funcionários do banco envolvidos na renegociação trabalham mais que a carga horária da categoria e não recebem horas extras.
"Os funcionários ficam à disposição dos clientes, às vezes até de madrugada", disse Clarice Torquato, diretora do sindicato.
O Unibanco nega as acusações, dizendo que boa parte dos funcionários envolvidos no processo é terceirizada e trabalha em empresas de cobrança.
"Apenas os funcionários de supervisão participam da renegociação com os inadimplentes e eles não são obrigados a trabalhar mais do que está estabelecido no contrato de trabalho", diz Gaspar.
O sindicato reafirma que os funcionários utilizados são do próprio banco. Em negociação com o Unibanco no final do ano passado, diretores da instituição haviam prometido aos sindicalistas não usar bancários para tal atividade, mas não cumpriram a promessa, disse Torquato.
O sindicato também desaprova o fato de o banco ter alojado funcionários no hotel durante todo o período da blitz, de até duas semanas.
Gaspar diz que o banco nunca obrigou funcionários a dormir em hotel, pois eles residem em São Paulo.



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