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TRANSPORTES
Nélio Botelho afirma que propostas do governo são velhas e que paralisação vai ser observada hoje
Líder caminhoneiro mantém a greve
Daniel Conzi/Agência RBS
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Policial discute com manifestante que quebraram pára-brisa de caminhão durante protesto na cidade de Sombrio (SC) |
AURÉLIO GIMENEZ
free-lance para a Folha
O presidente do MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro), Nélio Botelho, afirmou ontem no Rio que 60% a 70% da categoria, ou cerca de 650 mil caminhoneiros, pararam a partir da 0h
de ontem e que a greve continua
hoje, apesar da proposta feita pelo
ministro dos Transportes.
Botelho afirmou desconhecer
qualquer reabertura de negociação com o governo federal. Ele
disse que nos últimos dois dias
não recebeu nenhum convite para ir a Brasília, a fim de negociar
com o ministro Eliseu Padilha.
De acordo com o presidente do
MUBC, as propostas apresentadas pelo governo não são novas e
foram discutidas na semana passada, sem que houvesse acordo.
"Enquanto o ministro da Justiça
esteve à frente das negociações
chegamos bem próximo de um
acordo. Porém, tudo voltou a estaca zero quando o ministro dos
Transportes assumiu as discussões", disse o líder grevista.
De acordo com Nélio Botelho, a
greve está mobilizando os caminhoneiros "estradeiros", que são
entre 800 mil e 1 milhão, da frota
de 1,6 milhão de caminhões existentes no país.
A ordem, segundo Botelho, é
não bloquear as estradas. "É questão de honra o movimento ser pacífico e não bloquear nenhuma
estrada. Amanhã (hoje) é que se
verá o reflexo da greve, pois não
haverá nenhum caminhão trafegando pelas rodovias", disse.
Ele assegurou que os motoristas compreenderam a necessidade do movimento, cumprindo a
determinação de não trafegar. Segundo Botelho, o movimento
não irá impedir o motorista que
quiser circular.
Para o presidente do MUBC, o
vale-pedágio proposto pelo governo federal não atende à categoria. Os caminhoneiros pagam
de R$ 3 a R$ 4,80 por eixo. Eles
querem a redução para R$ 1 por
eixo ou uma outra solução que
não onere a categoria.
Segundo Botelho, o governo federal será o responsável se houver desabastecimento nos grandes centros.
"O governo não cumpriu nenhum ponto das reivindicações.
A greve vai durar o tempo que
eles (o governo) acharem necessário", afirmou.
De acordo com o centro de operações da Polícia Rodoviária Federal no RJ, as estradas do Estado
apresentaram ontem um movimento de caminhões equivalente
a 30% do normal.
Os armazéns da Ceasa (Companhia Estadual de Abastecimento S.A.), em Irajá (zona norte),
continuaram abertos em regime
de plantão para receber mercadorias.
Muitos caminhoneiros descarregaram, mas a maioria afirmou
que não iria aceitar novas cargas.
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