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COMÉRCIO
Relatório do governo norte-americano também critica legislação sobre patentes
EUA vão à OMC contra norma brasileira de importações
MARCIO AITH
de Washington
O governo dos Estados Unidos
anunciou ontem que vai contestar na OMC (instituição reguladora do comércio internacional) o
sistema brasileiro de preços mínimos usado pela Secretaria de Comércio Exterior para conceder licenças de importação e pela Receita Federal para estabelecer tarifas aduaneiras.
O sistema foi criado pelo governo brasileiro há cerca de cinco
anos para proteger a arrecadação
tributária. Ele procura impedir
que o importador indique o preço
de um determinado produto como sendo menor que o efetivamente pago por ele ao importá-lo,
com o objetivo de pagar menos
impostos.
Segundo três relatórios sobre
comércio divulgados ontem em
Washington pelo USTR (o escritório de representação comercial
norte-americano), os EUA consideram que o Brasil está usando
esse sistema não para proteger
sua arrecadação, mas para defender seu próprio mercado ao onerar exageradamente os produtos
estrangeiros.
Os relatórios citaram especificamente o caso das exportações têxteis, que seriam as mais prejudicadas por esse sistema.
Os EUA disseram também que
vão levar o Brasil à OMC por uma
diferença de interpretação sobre
propriedade intelectual na área
farmacêutica. Os norte-americanos contestam uma medida provisória do ano passado, inspirada
pelo ministro da Saúde, José Serra, que limita a concessão de patentes farmacêuticas a companhias que produzam no Brasil.
No entanto, ao contrário do tratamento dado pelos EUA ao sistema de preços mínimos, esse problema não foi tratado pelos EUA
como um litígio, mas como um
"ponto a ser esclarecido".
Lista de observação
Apesar de anunciar os processos contra o Brasil na OMC, os
EUA mantiveram o país na "lista
de observação", que reúne os países com práticas de comércio não
desejáveis, porém não graves.
Os EUA voltaram a criticar o
Brasil por não combater a pirataria de CDs, o motivo pelo qual o o
país entrou nessa lista no ano passado.
Na última semana, cogitou-se
que os EUA poderiam reclassificar o Brasil para uma lista mais
grave, a de "observação prioritária", na qual se encontra a Argentina.
Isso permitiria que os EUA iniciassem uma investigação contra
o país para possível retaliação.
Em conversa informal com jornalistas, um funcionário graduado do USTR (escritório de representação comercial dos EUA) elogiou alguns avanços feitos pelo
país na área de propriedade intelectual, mas criticou duramente o
sistema de preços mínimos da
Receita Federal e da Secretaria de
Comércio Exterior.
Ele afirmou que o Brasil o usa
para forçar os exportadores (norte-americanos) a estabeleceram
preços acima dos de mercado,
quase sempre não-competitivos.
Os relatórios divulgados ontem
são os de propriedade intelectual,
de compras governamentais e de
comércio mundial.
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