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MERCADO
Objetivo de nova rede bancária é aumentar oferta e baratear microcréditos
BNDES estimula bancos populares
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) vai estimular o surgimento no Brasil de uma rede de bancos populares voltados para o
mercado de microcrédito produtivo. Chamados SCMs (Sociedades de Crédito ao Microempreendedor), esses bancos podem ou
não ser ligados aos bancos tradicionais.
De acordo com a diretora da
área social do BNDES, Beatriz
Azeredo, o objetivo do banco é
aumentar a capilaridade da rede
de oferta de microcrédito, abrindo a possibilidade de barateamento do custo de empréstimos
-que hoje custam, em média,
4,5% ao mês (69,5% ao ano).
Hoje, os empréstimos são feitos
apenas por uma rede de 24 ONGs
(organizações não-governamentais), entidades sem fins lucrativos. Elas fecharam o ano passado
com um giro de R$ 74,1 milhões e
66.140 créditos concedidos.
O valor médio por empréstimo
é de R$ 1.120, o prazo de pagamento médio é de quatro meses e
meio e a inadimplência é de 3,7%.
Do total de recursos, R$ 38,7
milhões foram emprestados pelo
BNDES às ONGs, a um custo de
TJLP (Taxa de Juros de Longo
Prazo), hoje em 11% ao ano, e prazo de pagamento de oito anos.
Essas serão as mesmas condições oferecidas para empréstimos
do BNDES às SCMs. A diferença
de uma SCM para uma ONG é
que a primeira, regulamentada
pelo Banco Central no ano passado, é uma instituição financeira,
com fins lucrativos.
De acordo com o BNDES, já estão em operação no país quatro
SCMs, duas em São Paulo e duas
em Minas Gerais. O BNDES pode
emprestar para as SCMs R$ 2 para
cada R$ 1 real próprio que elas invistam.
O banco estatal avalia que essas
sociedades irão se expandir, ganhando características de bancos
populares, como os que existem
na Bolívia e em Bangladesh.
A partir de hoje, técnicos bolivianos estarão relatando a experiência do país em seminário promovido no Rio.
No Brasil, a média de clientes
por ONG de microcrédito é de 60,
segundo o BNDES. Antonio Sergio Barretto, chefe do Departamento de Desenvolvimento Social do banco, disse que já há bancos tradicionais interessados em
criarem suas SCMs. Os bancos estatais não podem entrar nesse
mercado.
Segundo Barretto, o capital
bancário terá de criar uma estrutura totalmente nova para operar
no setor e se adaptar às características do mercado.
A maior parte dos tomadores de
empréstimos (77%) atua no setor
informal da economia e não tem,
por exemplo, como comprovar
renda.
O BNDES teme que o banco tradicional, se não fizer uma estrutura nova para atuar no microcrédito, incorra no risco de transferir
para as SCMs os hábitos do sistema bancário, o que resultaria em
dificuldades à obtenção de recursos pelos tomadores.
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