São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

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LANÇAMENTO

Livro conta história do euro

OSCAR PILAGALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se tivesse sido eleito presidente da França, o líder da extrema-direita, Jean-Marie Le Pen, tentaria ressuscitar o franco, incinerado para dar lugar ao euro.
A simples ojeriza de um político ultranacionalista como Le Pen à unidade monetária dos 12 países da União Européia sugere que ela deve significar algo de bom.
A nova moeda, com efeito, exerce um papel inibidor de aventuras totalitárias. Se não o euro, propriamente, pelo menos o projeto de união voluntária entre nações livres que o euro representa.
A dimensão política do fato econômico não escapa à reconstituição histórica feita por Silvia Bittencourt em "O Euro", da série "Folha Explica", da Publifolha.
"Acredita-se que a união econômica e monetária européia fomentará a integração política do continente", afirma Silvia Bittencourt, jornalista que, há 11 anos morando na Alemanha, acompanhou de perto o debate.
Não deixa de ser sintomático que a idéia seminal do euro tenha sido lançada logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial.
Em setembro de 1946, o ex-premiê britânico Winston Churchill fez um célebre discurso defendendo a criação de uma espécie de Estados Unidos da Europa.
A autora retrocede a essa fala para traçar os antecedentes do euro. Na prática, o surgimento do conceito de união no continente data de 1957, quando os Tratados de Roma deram origem à Comunidade Européia.
Em quase meio século, o projeto do euro teve avanços e recuos. Resultado de experiência inédita, a unidade monetária só começaria a nascer em dezembro de 1991, com o Tratado de Maastricht.
O acordo estabelece uma série de regras que, em síntese, tentam garantir a adesão dos países a uma cultura de estabilidade econômica. Comprometidos com o combate sem tréguas à inflação, os 12 países europeus abriram mão de suas políticas cambial e monetária, entregando-as ao BCE (Banco Central Europeu).
Embora contribua para dar credibilidade ao euro, a independência do BCE está na raiz do ceticismo em relação à nova moeda.
A política monetária e cambial comum trata igualmente realidades desiguais. Hoje, um país não pode mais, sozinho, reduzir os juros para estimular a economia, ou desvalorizar a moeda para baratear as exportações. Tudo depende do BCE, que atua para o conjunto, não para cada país.
Os entusiastas do euro acreditam que o modelo irá promover o crescimento econômico. Motivos não faltam: as empresas têm acesso a um mercado de mais de 300 milhões de consumidores, os preços são transparentes, os turistas podem circular sem trocar dinheiro em cada parada.
Mas, como lembra a autora, "é preciso tempo para concluir se a nova moeda comum européia deu certo ou não". Certeza, só uma: "O euro é um projeto praticamente sem retorno".


"O Euro" (série "Folha Explica", Publifolha), de Silvia Bittencourt
Lançamento: terça-feira, 4 de junho, na Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos (av. Nações Unidas, 4.777), às 19h.
Quanto: R$ 9,90 (89 páginas)



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