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VIZINHO
País vincula pagamento ao PIB
Argentina inclui juros da dívida em proposta
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
O governo argentino apresentou ontem uma nova e "última
proposta" para a reestruturação
da dívida em moratória desde dezembro de 2001, conforme disse o
ministro da Economia, Roberto
Lavagna. A oferta aumenta o pagamento aos credores ao incorporar pela primeira vez os juros
da dívida e oferecer um pagamento adicional em dinheiro que estará vinculado ao crescimento econômico do país.
Os pagamentos serão feitos em
até 42 anos com juros variáveis,
dependendo das características
dos bônus, e podem chegar a
8,21% ao ano.
A nova proposta representa
uma melhora com relação à oferta
feita pelo presidente Néstor
Kirchner em novembro.
Na ocasião, o presidente ofereceu pagar 25% da dívida nominal
e ignorar os juros, o que causou
forte reação nos mercados e no
FMI. Considerando os juros ignorados, a Argentina pagaria na realidade 92% da dívida.
Segundo Lavagna, a oferta deverá ser formalizada no dia 11,
portanto, antes da chegada do
FMI ao país. O fundo condicionou a aprovação do atual acordo
à reestruturação da dívida.
O estoque da dívida é de US$
81,2 bilhões em valores nominais
(sem contar os juros), segundo o
que ficou estabelecido em Dubai.
O governo argentino manteve os
75% de desconto sobre esse valor
e chegou ao montante de US$ 60,9
bilhões. Esse será o valor de desconto da dívida, ou seja, a parte da
dívida que o país não pagará.
A novidade é que agora o governo aceita incluir na conta os quase
US$ 23 bilhões em juros não-pagos desde do "default". O valor do
desembolso feito pelo governo vai
depender de quantos credores
aceitem a proposta.
Se até 7 de cada 10 detentores de
títulos argentinos aceitarem a
proposta, o governo vai pagar
US$ 38,5 bilhões. Caso mais de 7
de cada 10 credores aceitem a proposta, então o pagamento será de
US$ 43,2 bilhões.
A diferença será determinada
pela data de corte da correção dos
juros. No primeiro caso, os juros a
serem considerados serão os que
correram até o dia 31 de dezembro de 2003, o que totaliza US$
18,2 bilhões. No segundo caso, serão considerados os juros até o
dia 30 de junho deste ano, o que
totaliza US$ 22,9 bilhões.
Esforço fiscal
Para garantir o pagamento nos
próximos anos, o governo terá de
fazer superávit primário de 2,7%
a partir de 2005. Neste ano, o superávit acertado com o Fundo é
de 3%. Segundo Lavagna, diferente das outras seis reestruturações
de dívida que a Argentina já fez,
desta vez o comprometimento
fiscal será gradativamente inferior até chegar a 2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2017.
O governo pretende pagar aos
credores um cupom adicional em
outubro de cada ano sempre que
a alta do PIB ultrapassar 3%.
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