|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Petrobras negocia exploração com o Irã
Parceria com governo do país asiático, ainda em estudo, abrangeria busca de petróleo nas águas profundas do mar Cáspio
Estatal nega cobrança do governo americano para que ela não negocie com
o Irã, que é acusado de ter programa com fim nuclear
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar da oposição do governo norte-americano, a Petrobras estuda ampliar seus projetos de exploração de petróleo
no Irã e já analisa áreas na região ainda inexplorada do mar
Cáspio, na Ásia.
Ontem, o diretor de exploração da estatal petrolífera iraniana Nioc, Seyed Mahmoud
Mohaddes, disse que o governo
daquele país está em estágio
avançado de negociações com a
Petrobras para desenvolver a
exploração de petróleo em
águas profundas do Cáspio.
Segundo a agência de notícias "Associated Press", o acordo com a Petrobras será fechado nos próximos meses e prevê
a prospeção de dois blocos naquela região, tida como uma
nova e promissora fronteira exploratória no Irã.
"Já estamos em negociações
com a Petrobras há algum tempo. Essa seria nossa primeira
entrada na exploração de nossa
porção do mar Cáspio", afirmou o diretor da Nioc.
Em março, o Ministério do
Petróleo do Irã informou que a
Petrobras iria assinar um contrato de US$ 470 milhões para
desenvolver as reservas do Cáspio. Nos dois blocos da região, a
Nioc identificou três possíveis
reservas de óleo. Cada uma delas demanda investimentos da
ordem de US$ 150 milhões.
Em entrevista à Folha, o diretor da Área Internacional da
Petrobras, Nestor Cerveró,
confirmou o interesse da estatal brasileira no Irã. Disse que a
empresa busca novas áreas para investir naquele país, especialmente na região do mar
Cáspio, onde há alto potencial.
Mas a estatal informou que,
apesar das negociações em curso com a estatal Nioc, só dará
informações sobre seus possíveis negócios no Irã quando o
contrato for assinado.
A Petrobras já explora petróleo em um campo no Irã, mas
na área do golfo Pérsico. Batizado de Tusan, o campo foi arrematado em 2006. A empresa
desenvolve sozinha o projeto.
O campo é explorado sob o
regime de prestação de serviços, ou seja, a propriedade da
área é da Nioc, que remunera,
por sua vez, a Petrobras para
desenvolver a exploração e a
produção futura do campo.
Pressão americana
Cerveró negou a informação
divulgada na imprensa de que o
governo norte-americano teria
cobrado explicações da Petrobras e até mesmo acenado com
uma possível sanção ao Brasil
por causa dos investimentos da
estatal brasileira no Irã. O país
asiático é cobrado pela Casa
Branca por possuir um programa para enriquecer urânio, que
teria objetivos nucleares.
Ele disse que nenhum comunicado oficial com tal conteúdo
foi enviado pelo governo dos
EUA à Petrobras.
Segundo ele, foram feitos
apenas alguns questionamentos sobre a atuação da empresa
no Irã durante o processo de
aprovação da compra da refinaria de Pasadena, no Texas.
Para Cerveró, o Irã é um pólo
de atração de investimentos da
indústria do petróleo e desenvolve grandes projetos de gás
atualmente. "No Irã, operam
todas as petroleiras européias e
elas não estão se incomodando
com as restrições do governo
americano. Pelo contrário: cada vez investem mais."
Com agências internacionais
Texto Anterior: Trabalho: Pagamento de abono salarial para 12,5 milhões será recorde Próximo Texto: Companhia acerta acordo para buscar gás em campos na Índia Índice
|