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País exporta mais itens tecnológicos
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de ter uma participação
ainda modesta na pauta de exportações do país, o setor industrial
intensivo em tecnologia aumentou sua expressividade. No primeiro semestre deste ano, o segmento contribuiu com 9% do
crescimento das exportações no
período. Nos primeiros seis meses de 2004, a contribuição foi de
7,5%, segundo estudo elaborado
pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Por trás do incremento da relevância da indústria intensiva em
pesquisa e desenvolvimento está
o dinamismo da indústria automobilística e de celulares, que estão, respectivamente, nas categorias de média-alta e alta intensidade tecnológica.
"Quase todo o acréscimo da indústria com maior grau tecnológico veio do setor de celulares.
Aviões [outro setor exportador
brasileiro de tecnologia de ponta]
não teve um desempenho especialmente melhor que em 2004",
disse Júlio de Almeida, diretor-executivo do Iedi.
No primeiro semestre de 2005,
as exportações brasileiras cresceram 24% em relação ao mesmo
período do ano passado. Com isso, as vendas externas totalizaram
US$ 53,7 bilhões.
Para Roberto Segatto, presidente da Abracex (Associação Brasileira de Comércio Exterior), a
maior relevância da indústria automobilística tem uma explicação
simples.
"Esses investimentos em tecnologia para exportação são possíveis, muitas vezes, porque são
acordos entre a filial brasileira e a
matriz estrangeira."
Segundo Segatto, "ainda são necessários mais investimentos para
o Brasil ser um exportador de tecnologia de ponta em automóveis.
O grosso dos investimentos nessa
indústria já tem mais de uma década", argumentou.
Setores vulneráveis
O fato de os setores automobilístico e de celulares terem ampliado muito sua participação na
pauta fez os segmentos com baixa
intensidade tecnológica terem sua
participação reduzida, o que mostra a desconcentração da pauta
brasileira.
De acordo com o relatório do
Iedi, setores de baixa e média-baixa intensidade tecnológica tiveram contribuição de 68,5% para a
expansão das vendas externas
brasileiras. Em 2004, diz o diretor-executivo do Iedi, as indústrias de
produtos de menor investimento
tecnológico chegaram a representar 90% da alta das exportações.
Exemplos desses tipos de bens
são commodities agrícolas e também produtos primários combustíveis, como petróleo e carvão.
Os setores de base agropecuária
(produtos agroindustriais também se inserem nessa categoria)
contribuíram com 13,6% do aumento das exportações. Já aqueles
com base mineral -com destaque para o minério de ferro- tiveram participação de 16,6%.
O principal problema de ter um
elevado grau de dependência das
exportações de bens básicos é que
a demanda internacional por esse
tipo de produto é muito instável.
Hoje, principalmente por causa
da China, há um forte vigor do comércio de commodities.
"De repente, se a dinâmica do
mercado mudar, a situação [do
comércio exterior brasileiro] pode se complicar", diz Almeida.
O economista lembra que, entre
1996 e 2001, esses produtos que
hoje são os destaques da balança
comercial brasileira tiveram um
crescimento negativo nas exportações mundiais.
Para escapar dessa armadilha, a
solução óbvia é investir em setores de maior grau tecnológico, como químicos e farmacêuticos,
que ainda tem pouca expressividade na balança brasileira.
Além disso, o diretor do Iedi
afirma que, por causa do câmbio,
o Brasil pode perder dinamismo
nos setores que, recentemente,
têm agregado valor tecnológico às
exportações: complexo automotivo e bens de capital.
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