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BARRIL DE PÓLVORA
Sucessão no governo do maior produtor mundial de óleo bruto preocupa mercado; barril vai a US$ 61,57 em Londres
Arábia leva petróleo a maior valor da história
DA REDAÇÃO
O barril de petróleo atingiu ontem o maior valor de sua história,
US$ 61,57, após a morte do rei da
Arábia Saudita, Fahd, aos 82 anos.
A alta, na Bolsa de Nova York, foi
de 1,65%. O petróleo do tipo
Brent, negociado em Londres, subiu 1,8%, para US$ 60,44.
Fahd comandou por 23 anos o
país que mais produz petróleo
bruto no mundo (9,5 milhões de
barris por dia) e que possui as
maiores reservas mundiais conhecidas (262 bilhões de barris).
Segundo analistas, a transição de
poder na Arábia Saudita pode,
portanto, deixar o mercado mais
nervoso. Mas o nervosismo tende
a durar pouco, desde que o mercado se convença de que a política
saudita de produção do óleo não
mudará com o novo rei.
Além disso, parte da alta no preço é atribuída à ameaça iraniana
de seguir com programa nuclear
combinada com os acidentes
ocorridos na semana passada em
plataformas de petróleo nos EUA.
"Os problemas nas refinarias
contribuem para a alta dos preços
também, mas o maior problema
hoje é a morte do rei Fahd", disse
Rick Mueller, especialista em petróleo bruto da Energy Security
Analysis, dos Estados Unidos.
O novo rei é Abdullah bin Abdelaziz, 81, irmão de Fahd. Na prática, ele comanda a Arábia Saudita
desde que Fahd sofreu um derrame, em 1995.
"Acredito que haja confiança
em que o irmão de Fahd adotará a
mesma política, e a reação dos
mercados a essa triste notícia se
acalmará", disse o presidente da
Opep (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) e ministro do Petróleo do Kuwait, Ahmad al-Fahd al Sabah.
Os analistas também não prevêem mudança na política de petróleo no curto prazo. Tradicionalmente baseada em um balanço
entre as necessidades domésticas
do país e a demanda dos países
consumidores, a política de petróleo saudita tem recentemente
favorecido os preços altos, o que
tem ajudado a aplacar as pressões
econômicas domésticas.
Desde 2000, a política oficial da
Arábia Saudita era a de que o barril custasse US$ 25, mas o reino
tem tolerado os preços mais altos.
Recentemente o ministro do Petróleo, Ali Naimi, citando a demanda chinesa crescente, apontou uma nova faixa de preço desejável, entre US$ 40 e US$ 50.
Jamal Qureshi, da empresa de
consultoria norte-americana PFC
Energy, disse que a política atual
da Arábia Saudita poderia ser resumida como sendo uma política
de suporte aos "preços altos, mas
não tão altos que prejudiquem a
economia global".
Longo prazo
No longo prazo, porém, os analistas dizem que as pressões financeiras crescentes da Arábia Saudita podem se traduzir em apoio a
preços mais altos. A população do
país dobrou desde o início do reinado de Fahd, em 1982, atingindo
23,5 milhões de pessoas no ano
passado, o que aumenta a demanda por gastos sociais, como saúde
e educação.
O preço do petróleo já subiu
40% durante este ano, mesmo
com a Opep em seu maior nível
de produção dos últimos 25 anos.
"O mercado está hipersensível a
fatos e rumores porque a folga de
produção passou", disse Larry
Godlstein, presidente da Petroleum Industry Research Foundation, dos Estados Unidos.
Mesmo assim, os preços reais
do petróleo (com ajuste inflacionário) ainda estão abaixo dos de
1981, quando o barril custava, no
valor atualizado, US$ 90.
LEIA MAIS sobre a morte do rei Fahd no caderno Mundo
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