São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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BARRIL DE PÓLVORA

Sucessão no governo do maior produtor mundial de óleo bruto preocupa mercado; barril vai a US$ 61,57 em Londres

Arábia leva petróleo a maior valor da história

DA REDAÇÃO

O barril de petróleo atingiu ontem o maior valor de sua história, US$ 61,57, após a morte do rei da Arábia Saudita, Fahd, aos 82 anos. A alta, na Bolsa de Nova York, foi de 1,65%. O petróleo do tipo Brent, negociado em Londres, subiu 1,8%, para US$ 60,44.
Fahd comandou por 23 anos o país que mais produz petróleo bruto no mundo (9,5 milhões de barris por dia) e que possui as maiores reservas mundiais conhecidas (262 bilhões de barris). Segundo analistas, a transição de poder na Arábia Saudita pode, portanto, deixar o mercado mais nervoso. Mas o nervosismo tende a durar pouco, desde que o mercado se convença de que a política saudita de produção do óleo não mudará com o novo rei.
Além disso, parte da alta no preço é atribuída à ameaça iraniana de seguir com programa nuclear combinada com os acidentes ocorridos na semana passada em plataformas de petróleo nos EUA.
"Os problemas nas refinarias contribuem para a alta dos preços também, mas o maior problema hoje é a morte do rei Fahd", disse Rick Mueller, especialista em petróleo bruto da Energy Security Analysis, dos Estados Unidos.
O novo rei é Abdullah bin Abdelaziz, 81, irmão de Fahd. Na prática, ele comanda a Arábia Saudita desde que Fahd sofreu um derrame, em 1995.
"Acredito que haja confiança em que o irmão de Fahd adotará a mesma política, e a reação dos mercados a essa triste notícia se acalmará", disse o presidente da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e ministro do Petróleo do Kuwait, Ahmad al-Fahd al Sabah.
Os analistas também não prevêem mudança na política de petróleo no curto prazo. Tradicionalmente baseada em um balanço entre as necessidades domésticas do país e a demanda dos países consumidores, a política de petróleo saudita tem recentemente favorecido os preços altos, o que tem ajudado a aplacar as pressões econômicas domésticas.
Desde 2000, a política oficial da Arábia Saudita era a de que o barril custasse US$ 25, mas o reino tem tolerado os preços mais altos. Recentemente o ministro do Petróleo, Ali Naimi, citando a demanda chinesa crescente, apontou uma nova faixa de preço desejável, entre US$ 40 e US$ 50.
Jamal Qureshi, da empresa de consultoria norte-americana PFC Energy, disse que a política atual da Arábia Saudita poderia ser resumida como sendo uma política de suporte aos "preços altos, mas não tão altos que prejudiquem a economia global".

Longo prazo
No longo prazo, porém, os analistas dizem que as pressões financeiras crescentes da Arábia Saudita podem se traduzir em apoio a preços mais altos. A população do país dobrou desde o início do reinado de Fahd, em 1982, atingindo 23,5 milhões de pessoas no ano passado, o que aumenta a demanda por gastos sociais, como saúde e educação.
O preço do petróleo já subiu 40% durante este ano, mesmo com a Opep em seu maior nível de produção dos últimos 25 anos.
"O mercado está hipersensível a fatos e rumores porque a folga de produção passou", disse Larry Godlstein, presidente da Petroleum Industry Research Foundation, dos Estados Unidos.
Mesmo assim, os preços reais do petróleo (com ajuste inflacionário) ainda estão abaixo dos de 1981, quando o barril custava, no valor atualizado, US$ 90.


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