São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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Rondeau defende arrendamento de refinaria privada

LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro brasileiro de Minas e Energia, Silas Rondeau, mostrou-se ontem desfavorável à proposta de arrendamento temporário da refinaria privada de Manguinhos, no Rio de Janeiro, pela Petrobras.
O ministro deu um prazo de 15 dias para encontrar uma solução e impedir o fechamento não só de Manguinhos mas também da Ipiranga, no Rio Grande do Sul. Manguinhos e Ipiranga são as duas únicas refinarias privadas do país.
"Estamos preocupados e devemos ter uma resposta em 15 dias. A idéia é encontrar uma solução para que Manguinhos e Ipiranga continuem prestando serviços sem que necessariamente sejam incorporadas por A, B ou C", disse ontem.
O arrendamento temporário é uma proposta da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A Petrobras compraria os insumos e venderia os derivados, mediante o pagamento de uma espécie de aluguel aos proprietários de Manguinhos. Apesar de inicialmente ter descartado essa hipótese, o ministro disse que a sugestão da ANP "ainda está em análise". Segundo ele, a decisão deverá ser a mesma para as duas refinarias.
As refinarias alegam dificuldades porque não têm produção própria e compram o petróleo no mercado internacional. Com os preços em alta no exterior e a concorrência interna da Petrobras, Manguinhos e Ipiranga vendem os derivados, como a gasolina e o diesel, a preços que não cobrem seus custos e que não vêm sendo reajustados.
O diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, disse que não é possível permitir que as refinarias encerrem suas atividades. "Isso seria ruim para o setor."
Outra sugestão, defendida pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo no Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro/RJ), é usar os recursos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) -que incide sobre a importação do petróleo- como compensação financeira para as refinarias privadas, que teriam, assim, a garantiria de uma rentabilidade mínima.
"Estudamos muito o assunto e não vemos outra saída", afirmou Odilon Horta, diretor do Sindipetro.
Ele disse que acha difícil a Petrobras aceitar a proposta de arrendamento temporário das refinarias privadas, já que o custo de refino é mais alto nessas empresas. Como solução emergencial, o Sindipetro propõe que Manguinhos realize exportações via Petrobras. A hipótese de reajustar os preços não é defendida nem pela ANP nem pelo Sindipetro.
Segundo Horta, o estoque de Manguinhos termina entre hoje e amanhã, e a empresa deixará de produzir até que uma solução seja encontrada. Os 500 empregos estão garantidos, diz ele, só até o dia 19, graças a um acordo com a Repsol YPF, controladora da companhia e da qual fazem parte a espanhola Repsol, a argentina YPF e o grupo nacional Peixoto de Castro. A Petrobras informou que ainda estuda soluções.

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