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LIGAÇÕES PERIGOSAS
Telecom Italia apresenta ação contra fundos e Citigroup, em que alega sofrer perda em razão de disputa jurídica
Italianos levam disputa pela BrT a Londres
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Telecom Italia apresentou ontem à Câmara de Comércio Internacional, sediada em Londres,
uma ação contra os fundos de
pensão e o Citigroup. O argumento é que ambos estariam desrespeitando o acordo de acionistas
da Solpart - empresa controladora da BrT (Brasil Telecom), na
qual os três grupos são sócios.
Os italianos afirmam que estão
sofrendo perdas financeiras e estratégicas por conta da disputa
pela Brasil Telecom.
Se a Câmara londrina acatar as
queixas, o grupo ganhará direito a
ser ressarcido.
A iniciativa significa uma nova
frente de batalha pela Brasil Telecom, a operadora de telefonia fixa
que atua nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul. Participam da
guerra quatro gigantes: Citigroup
(maior instituição financeira do
mundo), Telecom Italia (braço da
Pirelli nas telecomunicações),
fundos de pensão ligados a estatais (maiores investidores institucionais brasileiros) e Opportunity
(um dos maiores gestores de recursos do ranking nacional).
Lados da disputa
De um lado, estão fundos e Citi.
De outro, Telecom Italia e Opportunity. Fundos e Citi querem assumir a BrT antes de vender a empresa. A Telecom Italia quer comprá-la o mais rápido possível. O
Opportunity vendeu suas ações
aos italianos, mas o dinheiro só
chega no caso de a Telecom Italia
comprar a BrT. Ou se a Telecom
Italia vender sua parte, algo que
tem sido aventado pelo presidente da Telecom Italia no Brasil,
Paolo Dal Pino.
.A decisão de recorrer à Câmara
de Londres atende ao contrato da
Solpart. O documento prevê que
o foro inglês é o adequado para a
resolução de qualquer pendenga
societária relativa à empresa. A
sentença é considerada um elemento de grande influência para
os demais processos.
Guerra jurídica
A ação em Londres é a terceira
dos italianos contra os sócios adversários. Fundos e Citigroup, por
sua vez, moveram oito processos
contra a Telecom Italia e o Opportunity no Brasil. Nos Estados Unidos, correm outros dois -um,
conhecido, é o do Citigroup contra o Opportunity. Outro, em fase
inicial, é do Opportunity contra o
Citigroup.
Na semana passada, os fundos
de pensão e o Citi obtiveram no
STJ (Superior Tribunal de Justiça)
a suspensão de uma liminar que
impedia a realização de assembléia de acionistas da Brasil Telecom Participações, outra empresa
da cadeia de controle da operadora Brasil Telecom. Com isso, o entendimento de ambos foi que a
Justiça havia dado sinal verde para a troca de comando da empresa-veículo, com a nomeação de
um novo conselho deliberativo.
Citi e fundos escolheram nomes
ligados a eles no lugar dos conselheiros nomeados pelo Opportunity. A Telecom Italia não gostou.
Isso porque, com a troca efetivada
como fundos e Citi querem, os
italianos não terão assento no
conselho.
Procurados para comentar o assunto, os fundos de pensão disseram que não se pronunciariam
até serem notificados da ação.
Legado confuso
A complexidade nas telecomunicações brasileiras vem de 1998,
quando o governo Fernando
Henrique Cardoso privatizou o
Sistema Telebrás. Há sete anos, a
estatal foi dividida em vários filhotes regionais de telefonia, voltadas ao atendimento fixo e móvel. O modelo de venda escolhido
foi o de vários leilões, realizados
para cada uma delas.
O grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, montou
um consórcio que reunia Citigroup, fundos de pensão e Telecom Italia. Juntos, arremataram a
Brasil Telecom.
Pelo modelo inicial, os italianos
controlavam a Solpart. Mas o Opportunity fechou um acordo com
os fundos de pensão e ficou com a
gestão da empresa. A Telecom
Itália tornou-se dona da TIM, a
operadora móvel que atua no Sul
do país, e teve de sair do controle
da Brasil Telecom.
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