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Arrecadação com serviços é maior
do que com indústria, diz estudo
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo divulgado ontem
diferencia pela primeira vez quais
setores da economia são responsáveis pelo recolhimento, de forma direta, de impostos no país.
O levantamento foi feito pela
FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas), sob encomenda da Federação de Serviços do Estado de São
Paulo, a partir de dados do Sistema de Contas Nacionais do IBGE.
Recolhimento não significa que
determinado setor arcou com a
carga final de impostos, como explica o professor Marcos Cintra,
da FGV e membro do conselho da
Fesesp. ""Sabemos que, no final,
quem paga tudo é o consumidor
(por meio de repasse nos preços).
O objetivo era mostrar quem é
responsável pela arrecadação."
Pelo relatório, dos R$ 400,394
bilhões arrecadados em impostos
em 2001, 62,9% (em valores absolutos, R$ 251,7 bilhões) foram recolhidos via setor produtivo
-leia-se agropecuária, indústria
de transformação, comércio, serviços (transportes, comunicação
e instituições financeiras). Entre
os recolhimentos do setor produtivo estão IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços), Imposto
sobre Importação e CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) das pessoas jurídicas.
De sua parte, as famílias foram
responsáveis pelo recolhimento
direto de 32% (equivalente a R$
128,2 bilhões) da carga tributária
daquele ano. Esse recolhimento
se daria por meio de Imposto de
Renda, contribuição previdenciária, impostos sobre aplicações financeira, entre outros.
O restante da carga tributária
era composto por impostos que
incidiram na formação bruta de
capital (3% de toda a carga), exportações (1,2%), variação de estoques (0,4%) e recolhidos pelo
próprio governo (0,4%).
Segundo o estudo, o setor de
serviços recolheu, em 2001, mais
impostos que a indústria de transformação. De forma isolada, contribuiu com 31,69% (contra
29,99% da indústria), dos R$ 251
bilhões arrecadados por todo o
setor produtivo. Desse percentual
de 31,69%, a maior fatia foi recolhida pelas instituições financeiras (7,65 pontos), ante 5,80 pontos do subsetor de transportes.
No entanto, quando considerada a geração de riquezas, as instituições financeiras recolheram
proporcionalmente menos que
outros subsetores: repassaram em
forma de tributos 27,46% do PIB
(Produto Interno Bruto) que geraram em 2001, abaixo do que feito por outros subsetores de serviços, como transporte (50,85%) e
comunicações (28,26%).
Entre os exercícios de 1997 e
2001, de acordo com o relatório, a
carga tributária brasileira aumentou 4,8 pontos percentuais. Em
1997, correspondia a 28,6% do
PIB. Chegou a 33,4% em 2001. No
ano passado, segundo dados da
Receita Federal, a proporção foi
de 36,4% do PIB e, para 2003, a expectativa de analistas é de cerca de
38%. "Parte significativa desses
recursos vai para pagar juros e
não retorna em termos de investimento do governo. Isso afeta o dinamismo de toda a economia",
diz Cintra.
(JOSÉ ALAN DIAS)
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