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São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2003

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Arrecadação com serviços é maior do que com indústria, diz estudo

DA REPORTAGEM LOCAL

Um estudo divulgado ontem diferencia pela primeira vez quais setores da economia são responsáveis pelo recolhimento, de forma direta, de impostos no país.
O levantamento foi feito pela FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas), sob encomenda da Federação de Serviços do Estado de São Paulo, a partir de dados do Sistema de Contas Nacionais do IBGE.
Recolhimento não significa que determinado setor arcou com a carga final de impostos, como explica o professor Marcos Cintra, da FGV e membro do conselho da Fesesp. ""Sabemos que, no final, quem paga tudo é o consumidor (por meio de repasse nos preços). O objetivo era mostrar quem é responsável pela arrecadação."
Pelo relatório, dos R$ 400,394 bilhões arrecadados em impostos em 2001, 62,9% (em valores absolutos, R$ 251,7 bilhões) foram recolhidos via setor produtivo -leia-se agropecuária, indústria de transformação, comércio, serviços (transportes, comunicação e instituições financeiras). Entre os recolhimentos do setor produtivo estão IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), Imposto sobre Importação e CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) das pessoas jurídicas.
De sua parte, as famílias foram responsáveis pelo recolhimento direto de 32% (equivalente a R$ 128,2 bilhões) da carga tributária daquele ano. Esse recolhimento se daria por meio de Imposto de Renda, contribuição previdenciária, impostos sobre aplicações financeira, entre outros.
O restante da carga tributária era composto por impostos que incidiram na formação bruta de capital (3% de toda a carga), exportações (1,2%), variação de estoques (0,4%) e recolhidos pelo próprio governo (0,4%).
Segundo o estudo, o setor de serviços recolheu, em 2001, mais impostos que a indústria de transformação. De forma isolada, contribuiu com 31,69% (contra 29,99% da indústria), dos R$ 251 bilhões arrecadados por todo o setor produtivo. Desse percentual de 31,69%, a maior fatia foi recolhida pelas instituições financeiras (7,65 pontos), ante 5,80 pontos do subsetor de transportes.
No entanto, quando considerada a geração de riquezas, as instituições financeiras recolheram proporcionalmente menos que outros subsetores: repassaram em forma de tributos 27,46% do PIB (Produto Interno Bruto) que geraram em 2001, abaixo do que feito por outros subsetores de serviços, como transporte (50,85%) e comunicações (28,26%).
Entre os exercícios de 1997 e 2001, de acordo com o relatório, a carga tributária brasileira aumentou 4,8 pontos percentuais. Em 1997, correspondia a 28,6% do PIB. Chegou a 33,4% em 2001. No ano passado, segundo dados da Receita Federal, a proporção foi de 36,4% do PIB e, para 2003, a expectativa de analistas é de cerca de 38%. "Parte significativa desses recursos vai para pagar juros e não retorna em termos de investimento do governo. Isso afeta o dinamismo de toda a economia", diz Cintra. (JOSÉ ALAN DIAS)


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