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BALANÇA
Compras crescem 51% em agosto, puxadas por máquinas e matérias-primas; exportação vigorosa garante saldo positivo
Retomada leva importações a recorde
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pela primeira vez no ano, não
foram apenas as exportações e o
saldo comercial que quebraram
recordes históricos. Com um
crescimento de 50,75% em agosto, as importações acumuladas
desde janeiro são as maiores já registradas pelo país nesse período.
Do início do ano até agosto, o
país comprou do exterior US$
39,403 bilhões, 29,7% a mais que
no mesmo período de 2003. O recorde anterior de importações para o período era de 2001 (US$
38,950 bilhões). Mas o aumento
das compras não afetou o resultado global da balança, que segue
com saldo comercial recorde por
causa do vigor das exportações.
As importações começaram o
ano tímidas e tomaram fôlego a
partir do final do primeiro semestre, quando a economia começou
a mostrar sinais mais sólidos de
recuperação. O aumento do consumo interno, da produção e dos
investimentos pressionou as
compras externas. Os empresários dependem de matérias-primas e tecnologia importada para
expandir a produção.
Na média diária, a importação
de bens de capital (máquinas e
equipamentos) em agosto cresceu
41,8%; a de matérias-primas,
41,9%, e a de bens de consumo,
28,7%. No ano, a compra que menos cresceu foi a de bens de capital (17,1% na média diária).
O secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho, comemorou
o aumento das compras de máquinas, reflexo de investimentos
na indústria e na produção, considerados fundamentais para manter o crescimento econômico, que
foi de 4,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro semestre sobre igual período de 2003.
No total, as importações em
agosto foram as maiores do ano:
US$ 5,623 bilhões, crescimento de
50,75% sobre o mesmo mês de
2003, quando o país comprou no
exterior US$ 3,730 bilhões.
Surpresas
"Não posso dizer que, nesse caso [das importações], os números
surpreenderam", disse Ramalho.
No final do primeiro semestre, o
ministro Luiz Fernando Furlan
(Desenvolvimento) já havia previsto que as importações se acelerariam no segundo semestre.
Surpresa, diz o secretário, é o
desempenho das exportações. Pelo terceiro mês consecutivo, as
vendas ficam em torno de US$ 9
bilhões. No mês passado, o país
vendeu para o exterior US$ 9,056
bilhões, crescimento de 41,4% sobre agosto de 2003. "Esse número
está acima das nossas previsões",
disse Ramalho.
É esse bom desempenho das exportações que, mesmo com o aumento das importações, garante
saldo comerciais recordes.
No acumulado do ano, as exportações e o saldo comercial são
recordes históricos. As vendas para o exterior somam US$ 61,354
bilhões, 34,8% a mais que em
2003, e o saldo está em US$ 21,951
bilhões -crescimento de 45,1%.
Além de um aumento de quantidade de bens exportados, o país
foi favorecido pela alta de preços
de importantes commodities vendidas pelo Brasil, como soja e minérios. Ramalho afirmou que determinados setores, como o de
açúcar e o de suco de laranja, tiveram performance melhor que a
esperada. Nos últimos meses, as
vendas para os EUA, principal
mercado do país, se recuperaram.
Ramalho também enfatizou
que o temor de alguns de que o
aumento da demanda interna reduziria as exportações não se concretizou. "Quem pôs um pé lá fora
não sai do mercado externo."
No acumulado de 12 meses, os
números mostram que o país está
próximo de alcançar as metas de
Furlan. Se confirmadas, serão três
novos recordes. As exportações já
somam US$ 88,928 bilhões, as importações, US$ 57,309 bilhões, e o
saldo, US$ 31,619 bilhões. As metas de Furlan para 2004 são, respectivamente: US$ 90 bilhões,
US$ 60 bilhões e US$ 30 bilhões.
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