São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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BALANÇA

Compras crescem 51% em agosto, puxadas por máquinas e matérias-primas; exportação vigorosa garante saldo positivo

Retomada leva importações a recorde

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pela primeira vez no ano, não foram apenas as exportações e o saldo comercial que quebraram recordes históricos. Com um crescimento de 50,75% em agosto, as importações acumuladas desde janeiro são as maiores já registradas pelo país nesse período.
Do início do ano até agosto, o país comprou do exterior US$ 39,403 bilhões, 29,7% a mais que no mesmo período de 2003. O recorde anterior de importações para o período era de 2001 (US$ 38,950 bilhões). Mas o aumento das compras não afetou o resultado global da balança, que segue com saldo comercial recorde por causa do vigor das exportações.
As importações começaram o ano tímidas e tomaram fôlego a partir do final do primeiro semestre, quando a economia começou a mostrar sinais mais sólidos de recuperação. O aumento do consumo interno, da produção e dos investimentos pressionou as compras externas. Os empresários dependem de matérias-primas e tecnologia importada para expandir a produção.
Na média diária, a importação de bens de capital (máquinas e equipamentos) em agosto cresceu 41,8%; a de matérias-primas, 41,9%, e a de bens de consumo, 28,7%. No ano, a compra que menos cresceu foi a de bens de capital (17,1% na média diária).
O secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho, comemorou o aumento das compras de máquinas, reflexo de investimentos na indústria e na produção, considerados fundamentais para manter o crescimento econômico, que foi de 4,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro semestre sobre igual período de 2003.
No total, as importações em agosto foram as maiores do ano: US$ 5,623 bilhões, crescimento de 50,75% sobre o mesmo mês de 2003, quando o país comprou no exterior US$ 3,730 bilhões.

Surpresas
"Não posso dizer que, nesse caso [das importações], os números surpreenderam", disse Ramalho. No final do primeiro semestre, o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) já havia previsto que as importações se acelerariam no segundo semestre.
Surpresa, diz o secretário, é o desempenho das exportações. Pelo terceiro mês consecutivo, as vendas ficam em torno de US$ 9 bilhões. No mês passado, o país vendeu para o exterior US$ 9,056 bilhões, crescimento de 41,4% sobre agosto de 2003. "Esse número está acima das nossas previsões", disse Ramalho.
É esse bom desempenho das exportações que, mesmo com o aumento das importações, garante saldo comerciais recordes.
No acumulado do ano, as exportações e o saldo comercial são recordes históricos. As vendas para o exterior somam US$ 61,354 bilhões, 34,8% a mais que em 2003, e o saldo está em US$ 21,951 bilhões -crescimento de 45,1%.
Além de um aumento de quantidade de bens exportados, o país foi favorecido pela alta de preços de importantes commodities vendidas pelo Brasil, como soja e minérios. Ramalho afirmou que determinados setores, como o de açúcar e o de suco de laranja, tiveram performance melhor que a esperada. Nos últimos meses, as vendas para os EUA, principal mercado do país, se recuperaram.
Ramalho também enfatizou que o temor de alguns de que o aumento da demanda interna reduziria as exportações não se concretizou. "Quem pôs um pé lá fora não sai do mercado externo."
No acumulado de 12 meses, os números mostram que o país está próximo de alcançar as metas de Furlan. Se confirmadas, serão três novos recordes. As exportações já somam US$ 88,928 bilhões, as importações, US$ 57,309 bilhões, e o saldo, US$ 31,619 bilhões. As metas de Furlan para 2004 são, respectivamente: US$ 90 bilhões, US$ 60 bilhões e US$ 30 bilhões.


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