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BALANÇA
Compras externas buscam aumentar a produção e não ameaçam saldo
Para analistas, importação é saudável
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O recorde das importações brasileiras, que totalizaram US$ 5,6
bilhões em agosto, é um movimento saudável que ocorre colado no aumento das exportações e
no crescimento da economia, segundo economistas.
No ano, as importações totalizaram US$ 39,4 bilhões -um crescimento de 28,1% em relação aos
oito primeiros meses de 2004, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Esse é, também,
um patamar histórico, segundo a
secretaria.
Os dados foram divulgados ontem pelo governo e mostram que,
entre os itens que mais cresceram
na cesta de compras externas brasileiras, se destacam aqueles voltados para a produção. Esse movimento tem um aspecto sazonal
-no terceiro trimestre as compras externas sempre crescem-
e estrutural, demonstrado pela
composição da pauta de compras.
As importações de matérias-primas e insumos aumentaram
41,9%. A de bens de capital,
41,8%. "As indústrias estão importando mais para fazer frente à
produção destinada às vendas de
final de ano", diz Fábio Silveira,
sócio-diretor da MS Consult.
As importações voltadas para a
produção só foram superadas pelo crescimento das compras de lubrificantes e combustíveis (+
66,5%). "Pelo menos metade do
crescimento das importações de
combustível se deve ao aumento
do preço do petróleo", diz Carlos
Urso, economista da LCA Consultores.
Lista de compras
O que distingue o movimento
atual de importações é que ele é
fruto de "uma abertura sadia que
parte do crescimento das exportações", segundo Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor do Iedi
(Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
"A importação que não é sadia é
aquela que parte da abertura indiscriminada do mercado interno, praticada desde o governo
Collor até a era Gustavo Franco
[ex-presidente do Banco Central
no governo Fernando Henrique
Cardoso]", diz Almeida.
Segundo ele, o atual aumento da
importação vem colado no crescimento da economia -e a prova
disso é a lista das compras externas. Na categoria matérias-primas e intermediários, cresceram
principalmente as compras de
acessórios e equipamentos de
transporte, partes e peças de bens
intermediários e produtos químicos e farmacêuticos.
No item bens de capital, os destaques foram as compras de equipamento móvel de transporte,
máquinas e aparelhos de escritório, partes e peças para bens de capital e maquinaria industrial. "Isso revela que os investimentos em
expansão de capacidade e modernização de linhas de produção estão voltando", diz Urso.
Explosão
Os analistas não temem que
ocorra uma explosão das importações -o que afetaria, no futuro,
o saldo da balança comercial. O
crescimento de 43,9% das compras externas, no mês passado,
ocorre sobre uma base bastante
deprimida. "A economia estava
engatinhando em agosto de
2003", diz Silveira.
No ano passado, as importações
ficaram praticamente estagnadas,
totalizando US$ 48,2 bilhões, segundo dados da Secex. Na opinião de Silveira, o patamar das exportações é alto o suficiente para
absorver as importações crescentes e gerar um saldo confortável
na balança comercial. Ele projeta
um saldo de US$ 30 bilhões na balança comercial neste ano.
A LCA projeta um crescimento
de 26% nas importações neste
ano. "Mantido o ritmo atual, vamos fechar o ano com um volume
de US$ 61 bilhões em importações, próximo ao patamar de
1997", diz Urso. Para 2005, entretanto, prevê uma desaceleração,
com alta de 20%. "O ritmo de expansão da economia mundial deverá diminuir no próximo ano, o
que provocará um crescimento
menor do PIB brasileiro", diz ele.
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