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TANGO
Um dia após visita de diretor do Fundo, país indica que vai elevar superávit e melhorar oferta a credores
Argentina sinaliza concessões ao FMI
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
Um dia depois de receber o diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Rato,
o ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, insinuou que o país pode melhorar a
oferta de pagamento aos credores
da dívida pública em moratória.
Além disso, de acordo com Lavagna, em 15 dias o governo vai
apresentar ao Congresso o projeto de lei para o orçamento do próximo ano, que prevê superávit fiscal de 3% para a nação.
Com essa informação, o ministro sinaliza que deve aceitar pelo
menos parte das exigências do organismo internacional de crédito.
Para este ano, o superávit do governo federal acertado com o
Fundo é de 2,6%. Somados à economia imposta às províncias, o
esforço fiscal estabelecido pelo
FMI chega a 3%. Com o aumento
da arrecadação, o governo calcula
que a economia será de 4% do PIB
(Produto Interno Bruto).
Ao somar ainda a economia que
as províncias deverão fazer no
ano que vem, percentual do PIB
que o ministro ainda não revelou,
o esforço fiscal deverá ultrapassar
os 3%, como quer o Fundo. O
FMI pedia 4% de superávit em
2005 e 5% em 2006.
De acordo com Lavagna, da
economia feita no ano que vem,
2,7% será "apropriável para o pagamento da dívida". O governo
vem afirmando que a oferta feita
em julho não será alterada.
Apesar da nova informação, o
ministro disse que nada mudou
entre a Argentina e o Fundo. "Toda essa história sobre quem foi
mais duro [o presidente Néstor
Kirchner ou o diretor do FMI]
não importa", disse Lavagna.
Após o encontro de Rato com
Kirchner na terça-feira, membros
do governo disseram à imprensa
local que tanto o presidente quanto Rato foram irredutíveis com relação às suas condições.
Lavagna disse ainda que a inflação do ano que vem deverá oscilar
entre 7% e 10%. Neste ano, a previsão é de cerca de 6%. Ele previu
um crescimento de 4% da economia para 2005, bem menor que a
projeção feita para este ano, de
6%. No ano passado, o PIB argentino teve uma expansão de 8,7%.
Metas
O ministro afirmou que as metas acertadas com o FMI voltarão
a serem perseguidas no ano que
vem. Na carta de intenção assinada com o Fundo em setembro do
ano passado, além da meta de superávit fiscal, ficou acertado que a
Argentina aprovaria uma nova lei
de co-participação (distribuição
de receitas entre as províncias),
reformaria o sistema financeiro,
renovaria os contratos com as
empresas privatizada (o que implica reajuste de tarifas) e renegociaria a dívida.
Para isolar as negociações com
os credores das exigências do
Fundo, sobretudo de aumento da
oferta de pagamento de sua dívida privada, Lavagna anunciou há
duas semanas a suspensão do
acordo até o ano que vem, quando prevê que a dívida estará reestruturada.
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