São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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TANGO

Um dia após visita de diretor do Fundo, país indica que vai elevar superávit e melhorar oferta a credores

Argentina sinaliza concessões ao FMI

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

Um dia depois de receber o diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Rato, o ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, insinuou que o país pode melhorar a oferta de pagamento aos credores da dívida pública em moratória.
Além disso, de acordo com Lavagna, em 15 dias o governo vai apresentar ao Congresso o projeto de lei para o orçamento do próximo ano, que prevê superávit fiscal de 3% para a nação.
Com essa informação, o ministro sinaliza que deve aceitar pelo menos parte das exigências do organismo internacional de crédito. Para este ano, o superávit do governo federal acertado com o Fundo é de 2,6%. Somados à economia imposta às províncias, o esforço fiscal estabelecido pelo FMI chega a 3%. Com o aumento da arrecadação, o governo calcula que a economia será de 4% do PIB (Produto Interno Bruto).
Ao somar ainda a economia que as províncias deverão fazer no ano que vem, percentual do PIB que o ministro ainda não revelou, o esforço fiscal deverá ultrapassar os 3%, como quer o Fundo. O FMI pedia 4% de superávit em 2005 e 5% em 2006.
De acordo com Lavagna, da economia feita no ano que vem, 2,7% será "apropriável para o pagamento da dívida". O governo vem afirmando que a oferta feita em julho não será alterada.
Apesar da nova informação, o ministro disse que nada mudou entre a Argentina e o Fundo. "Toda essa história sobre quem foi mais duro [o presidente Néstor Kirchner ou o diretor do FMI] não importa", disse Lavagna.
Após o encontro de Rato com Kirchner na terça-feira, membros do governo disseram à imprensa local que tanto o presidente quanto Rato foram irredutíveis com relação às suas condições.
Lavagna disse ainda que a inflação do ano que vem deverá oscilar entre 7% e 10%. Neste ano, a previsão é de cerca de 6%. Ele previu um crescimento de 4% da economia para 2005, bem menor que a projeção feita para este ano, de 6%. No ano passado, o PIB argentino teve uma expansão de 8,7%.

Metas
O ministro afirmou que as metas acertadas com o FMI voltarão a serem perseguidas no ano que vem. Na carta de intenção assinada com o Fundo em setembro do ano passado, além da meta de superávit fiscal, ficou acertado que a Argentina aprovaria uma nova lei de co-participação (distribuição de receitas entre as províncias), reformaria o sistema financeiro, renovaria os contratos com as empresas privatizada (o que implica reajuste de tarifas) e renegociaria a dívida.
Para isolar as negociações com os credores das exigências do Fundo, sobretudo de aumento da oferta de pagamento de sua dívida privada, Lavagna anunciou há duas semanas a suspensão do acordo até o ano que vem, quando prevê que a dívida estará reestruturada.


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