São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2005

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OPERAÇÃO "MERCADO NEGRO"

Esquemas deram prejuízo de R$ 15 mi ao órgão

PF prende 28 suspeitos de fraudar INSS

JOSÉ MESSIAS XAVIER
DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Federal prendeu ontem no Rio de Janeiro e em Minas Gerais 28 integrantes de uma suposta organização criminosa envolvida em fraudes que deram prejuízo de R$ 15 milhões à Previdência Social.
As acusações são de formação de quadrilha, falsidade ideológica e peculato e as penas podem chegar a 15 anos de prisão.
Três funcionários do INSS são apontados como os chefes da fraude: Margarida Maria de Almeida Cerqueira, chefe do posto do órgão em Copacabana (bairro com o maior número de idosos do país, segundo o IBGE); Ricardo Barreto de Almeida, o Neném; e Militão Benjamin Derbly.
O contador Renato Santana, o Escuro, também foi preso. Ele seria responsável por uma rede de "zangões" (despachantes que ficam na entrada dos postos do INSS), que agenciava pessoas para serem incluídas como beneficiários da Previdência.
Os funcionários do INSS inseriam dados falsos de aposentadoria no sistema do órgão. Os beneficiários não tinham tempo suficiente para a aposentadoria. Falsos vínculos empregatícios com empresas em atividade ou que foram extintas também eram criados para assegurar o benefício.
"Essas pessoas não têm, realmente, nenhum vínculo trabalhista. É tudo forjado e inserido na rede do INSS por meio de guias de recolhimento do FGTS", explica o superintendente da PF no Rio, delegado José Milton Rodrigues.
A organização criminosa ficava com os três primeiros benefícios pagos aos falsos aposentados. Cerca de 90% das aposentadorias forjadas pela quadrilha pagam apenas um salário mínimo.
De acordo com José Milton, a fraude pode ser maior. A PF também irá indiciar em falsidade ideológica e formação de quadrilha os beneficiários do esquema.
"Além das prisões, cumprimos 42 mandados de busca e apreensão. Muitos computadores e documentos foram apreendidos e já foram encaminhados para perícia. Agora, teremos a lista dos que entraram como beneficiários. Essas pessoas também cometeram crime e poderão ser indiciadas", afirmou o delegado.
Em Minas Gerais, prisões e apreensões foram realizadas em Belo Horizonte, Ipatinga e Caratinga. No Rio, além da capital, a operação da PF, batizada de "Mercado Negro", também realizou prisões em Nova Friburgo, Mesquita, Itaguaí, Niterói, São Gonçalo e Belford Roxo.
As investigações da quadrilha começaram em janeiro de 2003, após uma denúncia anônima.


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