São Paulo, quarta, 2 de dezembro de 1998

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Juro alto faz as falências subirem 22%

da Reportagem Local

A alta das taxas de juros em setembro começou a surtir efeito negativo no comércio.
Em novembro, o número de falências decretadas no comércio cresceu 22%, chegando a 150, segundo informou a Associação Comercial de São Paulo.
Em relação a novembro do ano passado, quando o comércio também sofria com a alta dos juros decorrente da chamada crise asiática, o crescimento do número de falências decretadas é de 2%.
No caso das falências requeridas, outro termômetro das dificuldades do comércio com as altas taxas de juros, o crescimento no mês passado também foi significativo.
Foram requeridas 926 falências, 10,4% a mais do que o registrado no mês anterior.
Na comparação com novembro do ano passado, o número de falências requeridas cresceu 7,4%.
Os juros foram elevados em setembro para conter a fuga de capitais, resultado da falta de confiança dos investidores estrangeiros. Com juros maiores, o investidor estrangeiro ficou mais estimulado a deixar seu capital no país.
A taxa básica de juros do banco central passou de aproximadamente 20% ao ano para algo em torno de 49% ao ano.
O efeito dos juros altos no comércio também pode ser medido pelo número de concordatas requeridas.
De 12 concordatas requeridas em outubro, o comércio paulista passou para 16 em novembro -crescimento de 33%.
Em relação a novembro do ano passado, o crescimento é de 60%.
O registro de concordatas requeridas atingiu o ápice em dezembro do ano passado, com 32 pedidos.
Desde então, a Associação Comercial estava observado redução dos pedidos de concordata, até o repique de novembro.
O número de concordatas deferidas (aceitas) caiu no mesmo período, passando de dez para nove.
Mesmo assim, o número é 28,6% superior ao observado em novembro do ano passado.
Foi em novembro que a tradicional rede varejista de material de construção Uemura Home Center pediu concordata.
A empresa, que tinha um passivo de R$ 56 milhões, apontou os juros altos como principal causa da situação difícil enfrentada junto a bancos e fornecedores.
"O aumento do número de falências requeridas e decretadas no município preocupa", afirma Emilio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo.
O número de falências requeridas no comércio de São Paulo vinha caindo desde julho deste ano.
De acordo com a Associação Comercial, os números de novembro não são recordes, mas acenderam "o sinal de alerta".



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