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INDICADORES
Taxa é indexador no BNDES
TJLP reflete o juro alto e vai a 18%
GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação
A TJLP (Taxa de Juros de Longo
Prazo), que serve de indexador para a maioria dos financiamentos
do BNDES, está bem mais alta desde ontem. Saltou de 11,68% para
18,06% ao ano, quase alcançando o
nível de juro básico que vigorava
antes da crise russa (19%).
Fixada com base nos juros das dívidas interna e externa, a TJLP, em
base anual, é recalculada a cada trimestre. A de 18,06%, que reflete o
recente choque de juros aplicado
pelo Banco Central, valerá para o
trimestre que vai de dezembro deste ano a fevereiro de 99.
Apesar de ser mais baixa do que
as linhas normais de crédito bancário, já era considerada excessiva
mesmo quando estava em 11,68%
ao ano, por ser mais utilizada em
investimentos de longo prazo.
No início de novembro, o novo
presidente da Abimaq (Associação
Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Luiz Carlos
Delben Leite, enviou carta aos ministros Pedro Malan e Paulo Paiva
pedindo a diminuição da TJLP e o
restabelecimento do teto anterior
de financiamento dos programas
do BNDES/Finame, reduzido de
100% para 60%.
Na opinião de Delben Leite, a
TJLP de 11,68% ao ano, somada aos
encargos do BNDES, já tornava os
financiamentos de máquinas industriais e agrícolas "muito além
das margens de retorno de qualquer atividade econômica".
A TJLP, criada no final de 94, indexa quase todos os financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Por exemplo, as linhas
Finame industrial (para compra de
máquinas) e Finame rural (equipamentos agrícolas).
Indexa também os recentes empréstimos para empresas que compraram as estatais do Sistema Telebrás. Estão de fora poucas linhas,
como os financiamentos à exportação e a empresas de energia que
foram privatizadas. O BNDES
também opera linhas atreladas ao
dólar ou a uma cesta de moedas.
Recursos do PIS-Pasep
O banco utiliza a TJLP em suas linhas de crédito porque os recursos
vêm do FAT (Fundo de Amparo ao
Trabalhador), que, por sua vez, são
formados com a arrecadação do
PIS-Pasep. As duas pontas do sistema são indexadas pela mesma
taxa para que não haja o chamado
"descasamento".
Com a elevação da TJLP, o patrimônio dos trabalhadores terá
maior remuneração, embora, em
termos de contas individuais, isso
só seja válido para o dinheiro acumulado até outubro de 88.
Após a nova Constituição, a arrecadação do PIS-Pasep passou a ser
exclusiva do FAT, custeando seguro-desemprego, programas sociais
-como qualificação de mão-de-obra- e empréstimos do BNDES.
A elevação da TJLP também terá
impacto sobre micro e pequenas
empresas, pois essa taxa indexa financiamentos do Proger (Programa de Geração de Emprego e Renda) concedidos por intermédio do
Banco do Brasil.
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