São Paulo, sexta-feira, 03 de janeiro de 2003

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Indicado para BNDES ataca reforma de Gros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Indicado para a presidência do BNDES, o economista Carlos Lessa chamou ontem de "equivocada" e "desastrosa" a reforma feita no banco por seu ex-presidente Francisco Gros em 2001.
Lessa disse que a reforma deu ao BNDES a cara de um banco de investimento de Primeiro Mundo. "Com essas reformas, o banco perdeu a periferia, perdeu a cultura de um banco de desenvolvimento", afirmou antes da posse do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
De acordo com Lessa, antes de 2001 os projetos de financiamento submetidos ao BNDES eram avaliados por uma equipe interdisciplinar composta por engenheiros, economistas, contadores e advogados. Agora, houve uma separação entre a análise dos produtos e a dos clientes.
O economista explicou que aceitou ser presidente de um banco "de desenvolvimento". Segundo ele, as prioridades do BNDES não podem ser as operações de risco e os cálculos sobre o seu retorno para a instituição. "Isso não vale necessariamente quando o objetivo é construir o futuro do país", disse.
Lessa disse, porém, que não tem nada contra o financiamento de projetos de multinacionais. "Nós podemos financiar uma empresa de tráfego aéreo, por exemplo, pois isso pode fortalecer a Embraer. Nós não podemos ficar fora da competição."
Mais tarde, na posse do ministro do Desenvolvimento, Luís Fernando Furlan, Lessa disse que suas prioridades serão a inclusão social e o comércio exterior. "Se você quiser produzir mais comida, tem que financiar a indústria alimentícia."
Gros, que hoje preside a Petrobras, disse por meio de sua assessoria que é amigo de Lessa "há muito tempo". E foi lacônico em relação aos comentários do economista: "Fico muito sensibilizado com o reconhecimento dele [Lessa" de que sempre lutei para transformar o BNDES em uma instituição de Primeiro Mundo".
Gros disse que ainda não havia ligado para parabenizar o amigo porque não sabia se ele havia sido confirmado.



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