São Paulo, domingo, 3 de janeiro de 1999

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CENÁRIOS
Carga fiscal afetará lucros, prevê banqueiro
Setubal prevê que 99 será ano difícil

da Reportagem Local

O ano de 1999 será duro para o setor bancário. O aumento da carga fiscal sobre os bancos, que passarão a recolher a Cofins, vai dificultar os resultados, na avaliação de Roberto Setubal, presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos) e do Itaú.
Ele, que questionou a abertura do setor bancário brasileiro ao capital estrangeiro em 98, acredita que ela continuará em 99.
Veja a seguir a entrevista concedida à Folha.
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Folha - Como será o ano de 99 para os bancos?
Setubal -
Difícil, mais difícil que 98. Vai haver uma incidência fiscal intensa. A Cofins, principalmente, vai gerar um encargo adicional e dificultar os resultados dos bancos.
Folha - Qual a expectativa de inadimplência?
Setubal -
A inadimplência será elevada. Deve ficar em nível semelhante ao de 98, ou seja, mais alta que o normal. A expectativa é de melhoria ao longo do ano.
Folha - E o resultado das instituições, como ficará?
Setubal -
A rentabilidade vai cair e as margens ficarão menores do que em 98.
Folha - O sr. acredita que algumas instituições podem ter problemas por isso?
Setubal -
Não vejo instituições com problemas. Pode haver um ou outro caso isolado, mas não há risco sistêmico. De forma geral, os bancos têm condições de absorver o impacto da Cofins e da CPMF. Claro, com dificuldades.
Folha - E o capital estrangeiro, continua a ingressar intensamente?
Setubal -
97 e 98 foram anos de intenso fluxo de capital estrangeiro no setor bancário. Acredito que 99 continuará sendo. A privatização de bancos estatais é um atrativo a mais. Ainda vejo interesse de bancos internacionais no Brasil. Vários dos principais já estão aqui e alguns que estão aqui gostariam de aumentar sua presença no mercado brasileiro.
Folha - Quais bancos estrangeiros que não estão aqui ainda teriam interesse em ingressar no mercado local?
Setubal -
Poderiam, eventualmente ter interesse, o Bank of America e o Central Hispano. Digo isso porque eles têm investimentos em outras partes do mundo.
Folha - E a oferta de crédito, como ficará em 99?
Setubal -
A carteira de crédito dos bancos tende a crescer, na medida em que houver uma consolidação mais clara do ajuste fiscal e perspectiva de taxas de juro decrescentes. A demanda por crédito também tende a melhorar, porque hoje ela não está boa.




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