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MERCADOS E SERVIÇOS
Primeira empresa a participar de nova seção da Bolsa paulista aumenta incertezas de analistas
CCR reforça críticas contra Novo Mercado
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bovespa inaugurou seu Novo
Mercado na sexta passada, um
ano e um mês após o lançamento
da idéia. A CCR (Companhia de
Concessões Rodoviárias) estreou
a nova seção da Bolsa paulista,
destinada a listar empresas com
práticas diferenciadas de boa governança corporativa.
Para participar do Novo Mercado, as companhias têm de cumprir exigências que as tornarão
mais transparentes, em especial
para os acionistas minoritários.
Entre as características dessa
modalidade está o "tag along",
que, em caso de venda de controle, garante a todos os acionistas as
mesmas condições obtidas pelos
controladores. Além disso, as empresas terão de adaptar o balanço
aos padrões internacionais.
O Novo Mercado não é bem visto por analistas. Muitos deles preferem nem falar sobre o assunto.
E a primeira empresa a participar
dele deu munição aos críticos.
A CCR é detentora de contratos
de concessão de cinco importantes rodovias do país: AutoBan
(SP), Nova Dutra (SP-RJ), Rodonorte (PR), Ponte Rio-Niterói e
Via Lagos (RJ). A companhia pretende obter recursos para projetos voltados a seu crescimento.
Na opinião de analistas, a atividade da empresa não é animadora, pois depende de decisões do
governo, muitas vezes, políticas.
Um deles lembra que outras empresas, inclusive tradicionais da
área, não emplacaram no mercado e tiveram de fechar capital.
A CCR ofertou 16,9 milhões de
ações ordinárias, o que representa
20% de seu capital. Já iniciou o
Novo Mercado desrespeitando
uma das normas, que previa a
oferta de 25%. A empresa tem,
ainda, patrimônio líquido negativo. Mas, segundo seu diretor de
relações com investidores, Líbano
Barroso, ele é proveniente de uma
questão contábil, que deverá ser
alterada.
Barroso ressalta também a importância da abertura de capital
neste momento de crise para os
mercados mundiais e, em particular, para a Bolsa paulista.
"Com a desconfiança gerada
pela concordata da Enron, conseguimos, via "road shows", fazer
com que investidores internacionais comprassem nossas ações."
Foram adquiridos por investidores institucionais 98% dos papéis, o que pode prejudicar a liquidez. Cerca de 70% deles foram
para estrangeiros.
Afora os problemas da CCR,
analistas apontam que experiências com esse mercado em outros
países não deram certo. Além disso, não é bem vista a idéia de que
empresas que aderissem a ele teriam um "selo de qualidade", o
que poderia desmerecer outras
companhias abertas.
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