|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CÂMBIO
Posições no mercado futuro prevendo a queda da moeda americana atingem US$ 12,7 bi, contra US$ 4 bi há um ano
Estrangeiro amplia aposta contra alta do dólar
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Nunca os estrangeiros apostaram tão pesadamente na continuidade da queda do dólar. Com
o Banco Central intervindo de
forma mais branda no mercado
de câmbio, investidores e analistas vêem como muito pouco provável a possibilidade de o dólar se
recuperar diante do real.
As posições líquidas vendidas
em dólar dos investidores estrangeiros na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) alcançaram
anteontem os inéditos US$ 12,79
bilhões. No fim de 2005, estavam
perto dos US$ 9 bilhões. Há um
ano, eram de apenas US$ 4 bilhões.
A ampliação das posições vendidas em dólar acontece em cenários de expectativa de apreciação
do real. Os últimos dados permitem dizer que nunca esteve tão
forte a crença no prosseguimento
da tendência de valorização da
moeda nacional.
Neste ano, o dólar acumula desvalorização de 4,22%. Ontem, a
moeda americana fechou vendida
a R$ 2,227 (alta de 0,18%).
E são os elevados juros brasileiros que têm estimulado esses negócios. Quando monta um contrato com posição "vendida" em
dólar, o investidor está interessado em lucrar com a diferença entre a taxa de juros do país (a brasileira, no caso) e a americana. Se o
real se valorizar diante do dólar, o
investidor lucra ainda mais.
"Os juros estão muito altos e estimulam a manutenção das posições vendidas dos bancos", diz
Newton Rosa, economista-chefe
da Sul América Investimentos.
No mercado à vista, as instituições financeiras que operam no
país também têm elevado suas
posições "vendidas" em moeda
estrangeira, que alcançaram US$
4,69 bilhões em janeiro.
Pelo menos desde novembro, o
BC tem sido o único forte comprador de dólares, em um período em que tem sobrado moeda
estrangeira no mercado, por causa da alta liquidez mundial e do
vigor das exportações brasileiras.
Dessa forma, com a oferta de dólares superando a procura pela
moeda, a tendência é mesmo a de
seu preço cair.
Há duas semanas, o BC diminuiu o volume de suas intervenções diárias no mercado futuro.
De aproximados US$ 400 milhões
em títulos de "swap cambial reverso" oferecidos diariamente, o
BC passou a leiloar apenas US$
200 milhões. A negociação de um
contrato de "swap cambial reverso" tem o mesmo efeito de compras de dólares no mercado futuro. Assim, ao vender menos desses contratos, o BC está, na prática, adquirindo menos dólares no
mercado futuro.
Na outra ponta, o saldo da balança comercial segue forte. Em
janeiro, a balança registrou superávit de US$ 2,8 bilhões -o melhor resultado para janeiro já registrado.
"O cenário mais forte para o
câmbio ainda é de apreciação [do
real]. O dólar tem tudo para bater
em R$ 2,10 no curto prazo", afirma Alex Agostini, economista da
Austing Rating.
Com isso, são fortes as especulações no mercado em relação à
possibilidade de a autoridade monetária anunciar a qualquer momento novas medidas que interfiram no câmbio. A mais comentada nas mesas de operações é a implementação de algum limite às
posições "vendidas".
Mas há também quem afirme
que o atual cenário de apreciação
do real favorece a política de inflação sob controle do BC. Se o dólar
se mantém em baixos níveis, diminui o efeito de pressão inflacionária que o câmbio carrega.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Bolsa segue cenário externo e recua 3,1% Índice
|