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Mercosul pode ampliar mecanismo
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os chanceleres Celso Amorim e
Reinaldo Gargano, do Uruguai,
não descartaram a possibilidade
de estender o MAC (Mecanismo
de Adaptação Competitiva), assinado na quarta-feira entre Brasil e
Argentina, aos demais sócios do
Mercosul, se houver necessidade
e se for solicitado.
"O mecanismo pode ser estendido para os outros países, mas é
preciso que eles manifestem interesse. O acordo prevê a possibilidade de inclusão dos outros sócios do Mercosul e, se isso ocorrer, o acordo do bloco vai prevalecer sobre o acordo com a Argentina", disse Amorim.
Gargano afirmou que o governo
uruguaio "vai observar com muito cuidado" o funcionamento do
MAC para ver se o mecanismo
afeta o comércio com Brasil ou
com a Argentina. "Não estamos
descontentes com esse acordo.
Para nós o Mercosul é prioridade
e esperamos que a Bolívia também ingresse." Segundo Amorim,
ele não pediu que o Uruguai fosse
incluído no mecanismo.
Depois de um ano e meio de discussão, Brasil e Argentina entraram em acordo, por determinação dos presidentes Luiz Inácio
Lula da Silva e Néstor Kirchner,
para que seja acionado um mecanismo que estabeleça cotas para o
comércio de produtos quando
houver surto de importação de
ambos os lados. As cotas vão durar por três anos e podem ser renovadas por mais um ano. Para o
comércio que ultrapasse a cota,
incidirá 90% da TEC (Tarifa Externa Comum) cobrada para países de fora do bloco.O objetivo do
acordo é dar tempo para fortalecer a indústria argentina.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) qualificou o acordo como enorme retrocesso na integração do Mercosul e ameaçou reagir com dureza.
Em resposta às criticas da Fiesp,
Amorim disse acreditar que o novo mecanismo será usado com
moderação. "Acredito que a aplicação do MAC será equilibrada e
moderada". Segundo ele, o Brasil
atendeu a um "pedido que a Argentina vinha fazenda de forma
muito angustiante há muito tempo". Na avaliação do ministro, o
Brasil não tinha razão para negar
o pedido já que o Mercosul é um
projeto político, além de comercial, e o Brasil tem superávit que
eqüivale a 30% das exportações
para a Argentina.
No ano passado, o saldo positivo brasileiro com o vizinho foi de
US$ 3,6 bilhões. Na avaliação de
Amorim, o benefício para o Brasil
é a previsibilidade que o MAC dará ao comércio, evitando decisões
e soluções intempestivas para os
desequilíbrios comerciais.
Acordo com os EUA
Depois de passar semanas contemporizando as divisões dentro
do governo uruguaio em torno de
um possível acordo comercial
com os Estados Unidos, Gargano
disse que assinar o acordo com os
americanos não adiantaria nada
para o Uruguai.
"Conseguimos fixar 2013 como
data para o fim dos subsídios agrícolas, mas os EUA têm uma lista
de 300 produtos sensíveis para os
quais não vão oferecer acesso e ai
estão incluídos justamente os
produtos que queremos exportar", disse ele, que também foi recebido pelo presidente Lula.
O chanceler uruguaio se referia
ao acordo do encontro ministerial
de Hong Kong, da Rodada Doha
de liberalização mundial do comércio, que ocorreu em dezembro. Segundo ele, o governo do
Uruguai sabe que não é possível
assinar uma acordo bilateral com
os EUA, ou seja, sem os parceiros
do Mercosul, mas, também entende que o Uruguai, por ser um
país pequeno, tem que encontrar
racionalidade econômica na integração com o Mercosul.
"Se melhorar o acesso dos nosso
produtos nos Estados Unidos, vamos ter interesse, mas o Brasil e a
Argentina também terão. Então,
poderemos negociar juntos", disse Gargano, que veio ao Brasil a
convite de Amorim.
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