São Paulo, sexta-feira, 03 de fevereiro de 2006

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AGRONEGÓCIO

Brasil deve superar os EUA, maiores produtores mundiais, na liderança em exportação, segundo projeção da Agricultura

País prevê ser 1º em venda de soja até 2007

FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil vai superar os EUA e se tornar o maior exportador de soja até o próximo ano, segundo projeção da assessoria de gestão estratégica do Ministério da Agricultura. A soja é o carro-chefe da balança do agronegócio brasileiro e em 2004/15 registrou exportação de 20,5 milhões de toneladas, enquanto os EUA venderam 27,4 milhões de toneladas.
O Brasil deve exportar 23 milhões de toneladas de soja da safra de 2006/07, superando o volume exportado dos americanos, que deve ficar em 22,5 milhões.
Maiores produtores de soja desde 1964, os EUA poderiam ser ultrapassados pelo Brasil nos anos 2014/15. Antes da seca que atingiu principalmente o Sul do país em 2005, a estimativa era que o Brasil fechasse a safra de 2014/15 com 95 milhões de toneladas. Com a estiagem, refez-se a projeção para 83,9 milhões. A produção dos EUA é estimada em 87,6 milhões.
"A maior participação do Brasil no mercado pode ser explicada pela falta de novas áreas para a expansão dos Estados Unidos, enquanto o Brasil ainda tem terras abundantes e baratas", disse o chefe da assessoria de gestão estratégica, Elísio Contini. "Além disso, a demanda por soja é crescente e o consumo dos americanos é muito maior que o nosso."
O estudo do Ministério da Agricultura avalia que a dinâmica do agronegócio brasileiro está vinculada à exportação e cita outros produtos com mercados potenciais: carnes, açúcar e álcool.
As projeções do setor de carne no Brasil mostram que a produção da bovina deve apresentar crescimento de 4,4% ao ano até 2014/5, e a de frango, 4,5%. Enquanto a expansão projetada da suína é de 2,6% ao ano.
A taxa média anual de crescimento da produção de açúcar é ainda maior do que a de carnes e chega a 6,5%. Maior exportador do produto, as vendas do Brasil devem passar dos 18,1 milhões de toneladas atuais para 21,9 milhões em 2014/15 ou 56% do comércio internacional.
Outro produto derivado da cana, o etanol também apresenta projeções otimistas no estudo do ministério. A produção do combustível projetada para 2015 é de 36,8 bilhões de litros, mais do que o dobro da de 2005 (16,2 bilhões).
Com a expectativa de grande avanço dos carros bicombustíveis (venda de 1 milhão desse tipo de automóvel contra 467 mil de carros a gasolina em 2010), a projeção é que o consumo interno em 2015 chegue a 28,4 bilhões de litros contra 13,5 bilhões em 2005.
"Uma projeção de exportação de etanol é mais complicada pois depende muito de vários fatores, como preço do petróleo e a escolha de uma matriz energética de vários países", afirmou Contini.
O estudo do Ministério da Agricultura listou ainda uma série de incertezas que podem influenciar as projeções: crescimento econômico abaixo do previsto, protecionismo dos países desenvolvidos, falta de investimento em infra-estrutura e atrasos na tecnologia e defesa agropecuária.
O item mais enfatizado pelo chefe da gestão estratégica foi infra-estrutura. "Precisamos produzir a um custo mais baixo."
A projeção do ministério é baseado em estudos de diversas entidades como USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que reúne países industrializados) e Banco Mundial, entre outros.


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