São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004

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TELEFONIA

Segundo Eunício Oliveira (Comunicações), operadora informou que sua controladora, a MCI, poderia desistir do negócio

Venda da Embratel pode não sair, diz ministro

ELAINE COTTA
DA FOLHA ONLINE

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A MCI, controladora da Embratel, poderá desistir da venda da operadora brasileira, segundo o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira. Ele disse ontem em São Paulo que a própria Embratel teria avisado sobre a possibilidade de a venda não ser concluída.
"O presidente [da Embratel, Jorge Rodriguez] disse até que a MCI poderia desistir da venda", disse o ministro em visita à Telexpo, evento de tecnologia da informação e telecomunicações.
Oliveira afirmou ainda que tem conversado sobre o tema com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e com a própria empresa no Brasil, mas que, até o momento, "não existe um fato concreto [sobre a venda]".
A assessoria de imprensa da Embratel informou que, de fato, Rodriguez chegou a falar com o ministro sobre a possibilidade de a empresa não ser vendida. Isso porque, em novembro de 2003, a própria MCI, ao anunciar oficialmente a intenção de vender sua participação na Embratel, disse que não poderia garantir que o negócio se concretizasse, como é de praxe nesses casos.
A empresa norte-americana afirmou na época que ainda não havia identificado um comprador e que, além disso, qualquer decisão dependia da aprovação de sua diretoria e, possivelmente, de agências regulatórias e de terceiras partes envolvidas.
No entanto, ainda segundo a assessoria no Brasil, Rodriguez disse ao ministro que, apesar dessa hipótese, o processo de venda seguia normalmente e que a intenção da MCI de vender a Embratel também se mantinha de pé.
Nos EUA, a diretora de comunicação corporativa da MCI para a América Latina, Regla Perez Pino, não comentou as declarações. "A nossa posição ainda é a mesma."
A assessoria da MCI nos EUA também disse que a nota sobre a intenção de vender a Embratel, distribuída aos investidores e à imprensa em novembro passado, continua em vigor. Na época, o vice-presidente-executivo Jonathan Crane argumentou que a venda seria benéfica para ambas.
No entanto a venda da Embratel também faz parte do acordo de reestruturação estabelecido entre a empresa e a Justiça norte-americana. Em 2002, a companhia entrou com um pedido de falência voluntariamente. A medida foi tomada após o surgimento de um escândalo de fraudes contábeis no valor de US$ 11 bilhões.
Já o presidente da Anatel, Pedro Jaime Ziller, disse que "não há fato novo. Quando a Anatel tiver de se pronunciar sobre esse assunto, o fará por meios oficiais".
Analistas dizem que a venda da Embratel poderá render até US$ 400 milhões à MCI. No final de 2003, foram entregues três propostas para a compra: a de um consórcio formado pelas três maiores companhias de telefonia fixa do país (Telemar, Telefônica e Brasil Telecom), a da Telos (fundo de pensão dos funcionários da Embratel) e a do grupo mexicano Telmex, que no Brasil já controla a Claro, de telefonia celular.
Procuradas pela Folha, as empresas interessadas na compra da Embratel não se manifestaram.


Com Cíntia Cardoso, de Nova York


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