São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004

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ALIMENTOS

Empresas ganham mais 30 dias para se adaptar à exigência de informar presença de produtos modificados geneticamente

Rotulagem de transgênicos tem novo prazo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As empresas que comercializam alimentos que contêm ingredientes transgênicos (produtos geneticamente modificados) ganharam mais 30 dias para adaptar os rótulos dos produtos com o selo indicativo (um "T" dentro de um triângulo amarelo).
O Ministério da Justiça prorrogou para o dia 30 de março a entrada em vigor das regras de rotulagem. A portaria 786 assinada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, foi publicada pelo "Diário Oficial" da União em 27 de fevereiro.
De acordo com o Ministério da Justiça, o objetivo do adiamento é dar mais tempo para as empresas se adaptarem às regras.
A obrigação de informar as características do produto já é prevista pelo Código de Defesa do Consumidor, mas o decreto presidencial 4.680, de abril de 2003, regulamentou a necessidade de informações sobre conteúdo transgênicos.
Quando o novo prazo acabar, a fiscalização começará a ser feita pelos Procons, pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pelo Ministério da Agricultura.
A fiscalização da vigilância sanitária será complementar. Isso porque, segundo a Anvisa, o controle dos transgênicos não é um problema de vigilância sanitária, mas de direito do consumidor de saber que tipo de alimento está adquirindo.
O Ministério da Agricultura vai se encarregar de fazer a vigilância nas plantações. A maior dificuldade para a fiscalização desses produtos é identificar quais são os produtos que podem conter ingredientes geneticamente modificados. Caberá às empresas dizer qual produto tem mais de 1% de transgênicos e colocar o selo.

Símbolo
O formato do símbolo que a indústria deve usar para rotular os produtos compostos com organismos modificados geneticamente é uma das principais queixas das companhias de alimentos.
O símbolo deve ter a forma de um triângulo eqüilátero (que tem os lados iguais entre si), com a letra maiúscula "T" grafada em preto em um fundo amarelo. O Ministério da Justiça também determina que o símbolo deve ser destacado em contraste de cores para assegurar a visibilidade da informação ao consumidor.
O símbolo sugere perigo e transmite agressividade, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Para as entidades do setor, há um "excesso de zelo" por parte do Ministério da Justiça. Argumentam que bastaria a expressão "contém transgênicos" nas embalagens para informar o consumidor.
"Alimentos geneticamente modificados disponíveis no mercado passaram por rigorosas avaliações, sendo constatado serem tão seguros para o consumo quanto os demais", diz comunicado da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos (Abia).
A Folha apurou com empresários e analistas do setor que algumas indústrias de alimentos estariam dispostas a reduzir o percentual de organismos modificados geneticamente nos produtos, para deixá-los abaixo do limite de 1%, que dispensa a rotulação.
O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) diz que vê com preocupação a prorrogação do prazo. "O direito à informação está relacionado à liberdade de escolha. A rotulagem é uma conquista dos consumidores", afirma o coordenador executivo do Idec, Sezifredo Paz.


Colaborou a Reportagem Local


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