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ALIMENTOS
Empresas ganham mais 30 dias para se adaptar à exigência de informar presença de produtos modificados geneticamente
Rotulagem de transgênicos tem novo prazo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As empresas que comercializam alimentos que contêm ingredientes transgênicos (produtos
geneticamente modificados) ganharam mais 30 dias para adaptar
os rótulos dos produtos com o selo indicativo (um "T" dentro de
um triângulo amarelo).
O Ministério da Justiça prorrogou para o dia 30 de março a entrada em vigor das regras de rotulagem. A portaria 786 assinada
pelo ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, foi publicada pelo "Diário Oficial" da União em 27
de fevereiro.
De acordo com o Ministério da
Justiça, o objetivo do adiamento é
dar mais tempo para as empresas
se adaptarem às regras.
A obrigação de informar as características do produto já é prevista pelo Código de Defesa do
Consumidor, mas o decreto presidencial 4.680, de abril de 2003,
regulamentou a necessidade de
informações sobre conteúdo
transgênicos.
Quando o novo prazo acabar, a
fiscalização começará a ser feita
pelos Procons, pela Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) e pelo Ministério da
Agricultura.
A fiscalização da vigilância sanitária será complementar. Isso
porque, segundo a Anvisa, o controle dos transgênicos não é um
problema de vigilância sanitária,
mas de direito do consumidor de
saber que tipo de alimento está
adquirindo.
O Ministério da Agricultura vai
se encarregar de fazer a vigilância
nas plantações. A maior dificuldade para a fiscalização desses
produtos é identificar quais são os
produtos que podem conter ingredientes geneticamente modificados. Caberá às empresas dizer
qual produto tem mais de 1% de
transgênicos e colocar o selo.
Símbolo
O formato do símbolo que a indústria deve usar para rotular os
produtos compostos com organismos modificados geneticamente é uma das principais queixas das companhias de alimentos.
O símbolo deve ter a forma de
um triângulo eqüilátero (que tem
os lados iguais entre si), com a letra maiúscula "T" grafada em preto em um fundo amarelo. O Ministério da Justiça também determina que o símbolo deve ser destacado em contraste de cores para
assegurar a visibilidade da informação ao consumidor.
O símbolo sugere perigo e
transmite agressividade, segundo
a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Para as entidades do setor, há um
"excesso de zelo" por parte do Ministério da Justiça. Argumentam
que bastaria a expressão "contém
transgênicos" nas embalagens para informar o consumidor.
"Alimentos geneticamente modificados disponíveis no mercado
passaram por rigorosas avaliações, sendo constatado serem tão
seguros para o consumo quanto
os demais", diz comunicado da
Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos (Abia).
A Folha apurou com empresários e analistas do setor que algumas indústrias de alimentos estariam dispostas a reduzir o percentual de organismos modificados
geneticamente nos produtos, para deixá-los abaixo do limite de
1%, que dispensa a rotulação.
O Idec (Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor) diz que
vê com preocupação a prorrogação do prazo. "O direito à informação está relacionado à liberdade de escolha. A rotulagem é uma
conquista dos consumidores",
afirma o coordenador executivo
do Idec, Sezifredo Paz.
Colaborou a Reportagem Local
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