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PÉ NO FREIO
Redução atingiu boa parte da indústria, e empresários aguardam mais clareza sobre política de juros e câmbio
Indústria segura investimento no 1º trimestre
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A redução no ritmo de investimentos constatada pelo IBGE no
quarto trimestre do ano passado
-houve uma queda de 3,9% na
comparação com o trimestre anterior- atingiu boa parte da indústria e deve se manter no primeiro trimestre deste ano.
Essa é a avaliação do departamento econômico da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo) e também do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), que reúne
30 grupos industriais .
"A partir do momento em que o
empresário sentiu a disposição do
governo de reduzir o ritmo de atividade do país, ele perdeu a vontade de investir. Se o Banco Central diz que vai esfriar, ninguém
vai comprar roupa de verão", afirma Paulo Francini, diretor do departamento econômico da Fiesp.
A acomodação da atividade industrial a partir de setembro do
ano passado, segundo informa,
deixou os empresários mais tímidos para produzir e investir. Essa
cautela deve se manter ainda neste trimestre. "É preciso ter mais
clareza sobre a condução da política econômica do governo", diz.
Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi, diz que os
empresários "deram uma segurada nos investimentos". Isso aconteceu especialmente nos setores
que mais investiram no início de
2004 tanto para atender a demanda externa quanto a interna. "Eles
querem ver o que o governo vai
fazer daqui para a frente."
O setor agrícola, por exemplo,
que investiu no ano passado para
dar conta sobretudo do mercado
internacional reduziu significativamente os investimentos no final de 2004 e início deste ano.
Em dezembro, os investimentos
dos agricultores em colheitadeiras caiu 41,6% sobre igual período
do ano anterior. Em janeiro deste
ano, a queda foi de 63,1% sobre
igual mês do ano passado. Os investimentos em tratores caíram
14,6% e 19,5%, respectivamente,
no período, segundo informa
Persio Luiz Pastre, vice-presidente da Anfavea", que acompanha o
setor de máquinas agrícolas.
Além dos juros mais altos, a
queda no preço das commodities
no mercado internacional e também a taxa de câmbio mais desfavorável às vendas externas.contribuíram para a retração dos investimentos do setor agrícola
A Abimaq, associação que reúne os fabricantes de máquinas, informa que no último trimestre do
ano passado houve redução na
compra de máquinas para as indústrias gráfica, plástica e petroquímica. A expectativa é que, a
partir deste trimestre, outros setores, como o de bens de consumo,
reduzam as compras.
"Já vivemos isso no passado.
Com o câmbio mais favorável às
importações, certamente haverá
troca de produto nacional por estrangeiro. Isso certamente vai segurar investimentos de outros setores da indústria. De 1994 a 1998
houve desnacionalização nos setores de brinquedos, eletroeletrônico e de autopeças", diz Newton
de Mello, presidente da Abimaq.
Na análise de Paulo Godoy, presidente da Abdib, associação que
reúne a indústria de infra-estrutura, a alta nos investimentos de janeiro a setembro do ano passado
é reflexo das exportações.
"Os investimentos em infra-estrutura estavam e estão retraídos,
com algumas exceções, como o
setor de petróleo. Esperamos que
os investimentos deslanchem
neste ano. A taxa de investimento
na economia brasileira ainda é
muito baixa. Isso só pode mudar
com mais oferta de crédito e juros
mais baixos", afirma Godoy.
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