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Consumidor está menos confiante
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A avaliação do consumidor sobre a situação econômica do país
e de suas próprias finanças piorou, revela pesquisa da FGV
(Fundação Getúlio Vargas). Pela
primeira vez desde abril do ano
passado, a fundação identifica
uma piora na confiança, com ênfase em aspectos como mercado
de trabalho, poupança e intenções
de compras.
A FGV afirma que o conjunto
de respostas é similar ao de dezembro e avalia o resultado como
"acomodação". Para o coordenador da pesquisa, Aloisio Campelo,
o consumidor começou a sentir o
efeito do ciclo de aumento dos juros, iniciado em setembro do ano
passado. Além disso, há também
um componente sazonal: janeiro
costuma ser o mês de melhores
expectativas sobre o futuro e avaliações mais otimistas do presente. Com isso, os resultados de fevereiro tendem a mostrar queda.
Na avaliação do economista da
FGV Fernando Holanda, a pesquisa mostra que o consumidor
está cauteloso. "Ele está ciente de
que o futuro próximo não será tão
brilhante quanto os últimos meses. O que influenciou essa mudança foi a política monetária."
As principais dúvidas apresentadas pelos entrevistados se referem às perspectivas de crescimento da economia e à capacidade de
gerar mais e melhores ofertas de
emprego. "Depois de viver tantos
"vôos de galinha", o consumidor
desconfia que a recuperação do
mercado de trabalho possa cessar", disse Campelo.
Apenas 10,3% dos entrevistados
afirmam que será mais fácil encontrar emprego nos próximos
seis meses. Em janeiro, 14% apostavam num cenário melhor. O
percentual dos que crêem que será mais difícil passou de 45,4%
para 47,3%.
A situação econômica do país
em relação aos últimos seis meses
foi avaliada como "melhor" por
18% dos consumidores, ante
24,7% em janeiro.
O número de endividados cresceu, principalmente entre as famílias de renda mais alta. Para
Campelo, a concentração de impostos como IPTU, IPVA e os reajustes de mensalidades no início
do ano exerceram uma pressão
maior sobre o orçamento das famílias. Em fevereiro, 26,3% dos
consumidores disseram que estavam endividados. Em janeiro, esse percentual era de 23%.
A disposição para a compra de
bens duráveis, como móveis e eletrodomésticos, tem apresentado
queda desde a metade do ano passado. O percentual de consumidores dispostos a gastar mais nos
próximos meses passou de 17,9%
em julho para 11,9% em fevereiro.
Segundo o coordenador da pesquisa, a mudança pode ser atribuída à capacidade de endividamento e à alta dos juros.
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