São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2005

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Consumidor está menos confiante

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A avaliação do consumidor sobre a situação econômica do país e de suas próprias finanças piorou, revela pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas). Pela primeira vez desde abril do ano passado, a fundação identifica uma piora na confiança, com ênfase em aspectos como mercado de trabalho, poupança e intenções de compras.
A FGV afirma que o conjunto de respostas é similar ao de dezembro e avalia o resultado como "acomodação". Para o coordenador da pesquisa, Aloisio Campelo, o consumidor começou a sentir o efeito do ciclo de aumento dos juros, iniciado em setembro do ano passado. Além disso, há também um componente sazonal: janeiro costuma ser o mês de melhores expectativas sobre o futuro e avaliações mais otimistas do presente. Com isso, os resultados de fevereiro tendem a mostrar queda.
Na avaliação do economista da FGV Fernando Holanda, a pesquisa mostra que o consumidor está cauteloso. "Ele está ciente de que o futuro próximo não será tão brilhante quanto os últimos meses. O que influenciou essa mudança foi a política monetária."
As principais dúvidas apresentadas pelos entrevistados se referem às perspectivas de crescimento da economia e à capacidade de gerar mais e melhores ofertas de emprego. "Depois de viver tantos "vôos de galinha", o consumidor desconfia que a recuperação do mercado de trabalho possa cessar", disse Campelo.
Apenas 10,3% dos entrevistados afirmam que será mais fácil encontrar emprego nos próximos seis meses. Em janeiro, 14% apostavam num cenário melhor. O percentual dos que crêem que será mais difícil passou de 45,4% para 47,3%.
A situação econômica do país em relação aos últimos seis meses foi avaliada como "melhor" por 18% dos consumidores, ante 24,7% em janeiro.
O número de endividados cresceu, principalmente entre as famílias de renda mais alta. Para Campelo, a concentração de impostos como IPTU, IPVA e os reajustes de mensalidades no início do ano exerceram uma pressão maior sobre o orçamento das famílias. Em fevereiro, 26,3% dos consumidores disseram que estavam endividados. Em janeiro, esse percentual era de 23%.
A disposição para a compra de bens duráveis, como móveis e eletrodomésticos, tem apresentado queda desde a metade do ano passado. O percentual de consumidores dispostos a gastar mais nos próximos meses passou de 17,9% em julho para 11,9% em fevereiro.
Segundo o coordenador da pesquisa, a mudança pode ser atribuída à capacidade de endividamento e à alta dos juros.


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