São Paulo, sexta-feira, 03 de abril de 2009

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Bolsa avança 4,2% e atinge maior nível em seis meses

Investidores se animam com decisões do G20 e mudanças contábeis nos EUA

Dólar recua 1,97%, para R$ 2,23, menor cotação desde janeiro; fluxo de estrangeiros na Bovespa em março é o maior em 11 meses


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma confluência de notícias animou os investidores e impulsionou os mercados mundiais. Para a Bovespa, o resultado foi uma valorização de 4,19%, o que a conduziu aos 43.736 pontos -o melhor patamar em seis meses. O dólar terminou no menor valor desde janeiro, vendido a R$ 2,235, com recuo de 1,97%.
Apesar do ganho elevado, a Bovespa não liderou as altas pelo mundo. Entre as maiores Bolsas, destaque para Frankfurt (6,07%), Paris (5,37%) e Tóquio (4,40%). Em Nova York, a alta foi de 2,79%.
Os investidores aprovaram as decisões tomadas no encontro dos líderes do G20, em que foi anunciado pacote de US$ 1,1 trilhão para estimular a economia mundial, e discutiu-se a necessidade de uma regulamentação financeira internacional mais rígida.
Outro fator de destaque para o ânimo dos mercados foi a apresentação das novas regras contábeis dos Estados Unidos, que irá melhorar os balanços de empresas -especialmente as financeiras-, que muito sofreram com a depreciação de ativos devido à crise.
Na Europa, o BCE (Banco Central Europeu) reduziu os juros de 1,5% para 1,25% anuais. Apesar de a redução ter sido menor que a esperada, o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, deixou em aberto a possibilidade de novos cortes.
"As notícias foram relevantes e trouxeram empolgação ao mercado, mas não permitem reverter o cenário de médio prazo. Ainda é cedo para começar a trabalhar com um cenário de recuperação contínua dos preços. Ao menos nos próximos três meses ainda teremos o mercado oscilando bastante", diz Roberto Padovani, estrategista-chefe do banco WestLB.
Padovani lembra que o pacote de socorro ao setor bancário norte-americano, anunciado na semana passada, ainda tem de entrar em ação para que seu alcance e efeito sejam avaliados. "Temos de avaliar ainda como vai funcionar o fundo de [Timothy] Geithner [secretário do Tesouro dos EUA]."
A diminuição da aversão ao risco nas últimas semanas tem sido bastante favorável ao mercado acionário brasileiro. A Bovespa, que ontem atingiu seu mais alto patamar desde 3 de outubro passado, já acumula valorização de 16,47% no ano.
O cenário menos tenso resultou no retorno de capital externo para a Bolsa brasileira. Segundo operadores, ontem os estrangeiros voltaram a se destacar na ponta de compras na Bolsa, o que deu alento aos papéis das maiores companhias nacionais: Petrobras ON saltou 4,91, e Vale PNA ganhou 6,09%.
Ontem a Bovespa apresentou os dados das operações dos estrangeiros em março. O balanço mostrou saldo positivo de R$ 1,44 bilhão, melhor resultado desde abril de 2008.
Além da alta, o pregão foi de muita negociação. Os R$ 5,89 bilhões movimentados no dia representaram o mais alto giro financeiro do ano.
Na lista das ações mais negociadas no pregão, apareceu Itaú Unibanco PN (que estrearam nesta semana). O papel girou R$ 252 milhões e encerrou com valorização de 4,79%.
No topo das apreciações do índice Ibovespa, ficaram papéis de diferentes segmentos: JBS ON subiu 9,34%, seguido por Lojas Renner ON (9,32%) e Cyrela Realt ON (9,29%).
Entre as ações que não estão no Ibovespa, destacou-se o papel ON da MMX Mineração, que subiu 22,16%. Os ganhos foram alimentados por rumores de que a empresa teria interessados em comprá-la.


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