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Entrada de dólar derruba cotação
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar fechou com pequena queda de 0,21% ontem, cotado a
R$ 2,894. O risco-país permaneceu em alta. O indicador do JP
Morgan subiu 5,2 % e fechou em 1.682 pontos, só abaixo de Argentina e Nigéria.
Segundo operadores, o que definiu a baixa do dólar ontem foi
uma entrada de recursos.
O mercado especulou que teria
havido ingresso de US$ 300 milhões pelo Banco do Brasil, vindos
de uma captação do final de junho. Com os pregões encerrados,
o BB negou a informação.
Também colaborou para acalmar os ânimos a informação de
que o ministro da Fazenda, Pedro
Malan, e o presidente do Banco
Central, Armínio Fraga, fariam
novas viagens para mais uma rodada de conversas com investidores internacionais. Malan irá à Espanha e Fraga, aos EUA.
Mas a pequena baixa não animou ninguém no mercado financeiro. Segundo analistas, os negócios continuam nervosos e a liquidez, bastante reduzida -não há
como fazer projeções.
Apesar do resultado positivo ao
fim do pregão, o dia foi de bastante tensão e oscilação. A moeda
norte-americana chegou a subir
1,31% e a cair 0,97%. Esse tipo de
oscilação colabora para que o número de negócios diminua, uma
vez que ninguém se aventura a fazer grandes apostas. O pano de
fundo a trazer instabilidade continua sendo a incerteza em relação
ao futuro político do país e a turbulência internacional.
"O ambiente internacional,
após o escândalo financeiro da
WorldCom, é horrível. Há falta de
crédito e aversão ao risco", diz
Clive Botelho, diretor da financeira do banco Santos. "O Brasil ainda conta com o risco político."
Na segunda-feira, o mercado especulou que uma pesquisa eleitoral apontaria a subida de Ciro Gomes (PPS) na preferência do eleitorado. O mercado teme que uma
vitória da oposição possa significar a suspensão dos pagamentos
da dívida externa brasileira.
O BC não fez ontem nenhuma
intervenção no mercado. Diferentemente da segunda, quando fez
leilão de linha externa. Vendeu
US$ 300 milhões, mas não impediu que o dólar batesse novo recorde do real, fechando a R$ 2,90.
Segundo um operador, o BC
não conta mais com uma carta
que pensava ter em mãos.
A instituição não estaria vendendo dólares diretamente ao
mercado na expectativa de que,
com o início da campanha eleitoral na TV, José Serra (PSDB) decolasse nas pesquisas. E, nesse momento, o dólar recuaria. Na avaliação do operador, isso não irá acontecer. Não há como o dólar cair fortemente, pois o patamar da moeda, inclui, agora, a deterioração do cenário externo.
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