São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

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Entrada de dólar derruba cotação

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar fechou com pequena queda de 0,21% ontem, cotado a R$ 2,894. O risco-país permaneceu em alta. O indicador do JP Morgan subiu 5,2 % e fechou em 1.682 pontos, só abaixo de Argentina e Nigéria.
Segundo operadores, o que definiu a baixa do dólar ontem foi uma entrada de recursos.
O mercado especulou que teria havido ingresso de US$ 300 milhões pelo Banco do Brasil, vindos de uma captação do final de junho. Com os pregões encerrados, o BB negou a informação.
Também colaborou para acalmar os ânimos a informação de que o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, fariam novas viagens para mais uma rodada de conversas com investidores internacionais. Malan irá à Espanha e Fraga, aos EUA.
Mas a pequena baixa não animou ninguém no mercado financeiro. Segundo analistas, os negócios continuam nervosos e a liquidez, bastante reduzida -não há como fazer projeções.
Apesar do resultado positivo ao fim do pregão, o dia foi de bastante tensão e oscilação. A moeda norte-americana chegou a subir 1,31% e a cair 0,97%. Esse tipo de oscilação colabora para que o número de negócios diminua, uma vez que ninguém se aventura a fazer grandes apostas. O pano de fundo a trazer instabilidade continua sendo a incerteza em relação ao futuro político do país e a turbulência internacional.
"O ambiente internacional, após o escândalo financeiro da WorldCom, é horrível. Há falta de crédito e aversão ao risco", diz Clive Botelho, diretor da financeira do banco Santos. "O Brasil ainda conta com o risco político."
Na segunda-feira, o mercado especulou que uma pesquisa eleitoral apontaria a subida de Ciro Gomes (PPS) na preferência do eleitorado. O mercado teme que uma vitória da oposição possa significar a suspensão dos pagamentos da dívida externa brasileira.
O BC não fez ontem nenhuma intervenção no mercado. Diferentemente da segunda, quando fez leilão de linha externa. Vendeu US$ 300 milhões, mas não impediu que o dólar batesse novo recorde do real, fechando a R$ 2,90.
Segundo um operador, o BC não conta mais com uma carta que pensava ter em mãos.
A instituição não estaria vendendo dólares diretamente ao mercado na expectativa de que, com o início da campanha eleitoral na TV, José Serra (PSDB) decolasse nas pesquisas. E, nesse momento, o dólar recuaria. Na avaliação do operador, isso não irá acontecer. Não há como o dólar cair fortemente, pois o patamar da moeda, inclui, agora, a deterioração do cenário externo.



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