LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Argentina suspendeu o embargo à importação de carne brasileira, informou ontem o Ministério da Agricultura. A medida atinge desde o dia 23 de junho as vendas de produtos bovinos e suínos. A restrição argentina foi imposta após o surgimento de um foco de febre aftosa no Pará. No começo da semana, a Rússia também havia suspendido o embargo à carne brasileira.
Também ontem, o ministro Guido Mantega (Planejamento) liberou mais R$ 44 milhões para a defesa sanitária. O orçamento inicial para a área era de R$ 68 milhões, o menor desde 1998, conforme levantamento da Folha.
Nos primeiros cinco meses do ano, as exportações de carne suína para a Argentina somaram US$ 18,5 milhões, e a venda de carne bovina atingiu US$ 130 mil, segundo dados do governo.
"É muito pequeno o prejuízo em relação à Argentina. A preocupação que fica é das boas relações que o Brasil tem com a Argentina e o Mercosul", disse Maçao Tadano, secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura. Em 2003, o Brasil exportou US$ 4 bilhões em carnes.
Segundo ele, a restrição não afetou a relação entre os dois países, pois a Argentina apenas solicitou informações técnicas sobre o foco de aftosa. Mas, disse Tadano, o Brasil deve fortalecer as relações com seus parceiros comerciais da América do Sul para evitar um novo problema como esse.
Ele disse que o Brasil tentará negociar com os países do Mercosul e demais da América do Sul a criação de um órgão internacional para a vigilância sanitária.
No caso da Rússia, o fim do embargo foi parcial, já que segue proibida a importação de carne de Mato Grosso, Estado que tem divisa com o Pará, onde foi localizado, no dia 17, foco de febre aftosa. O Estado não exporta carne.
O Brasil é membro da OIE (Organização Internacional de Epizootias), que permite ao país separar regiões seguramente livres de aftosa para poder exportar.
Tadano afirmou que será criado um grupo para a avaliação técnica da situação de Mato Grosso. Em seguida, um comissão irá a Moscou apresentar os resultados e os novos dados coletados. O Estado responde por 4,9% das vendas de carne bovina para a Rússia.
Normalmente, os países proíbem a importação de carne de locais com febre aftosa para protegerem seus rebanhos. A doença atinge a boca e a gengiva e provoca feridas nas patas e nas mamas dos animais. Doentes, os animais têm dificuldade para pastar e perdem peso. As fêmeas produzem menos leite. A doença ataca bois, porcos, cabras e ovelhas.
Além de ser transmitido pelo leite, carne ou saliva do animal, o vírus causador da aftosa também é passado pela água e pelo ar. A doença muito raramente pode afetar seres humanos.
Não foi a primeira vez que o Brasil e a Argentina se enfrentam na questão da carne. O Brasil suspendeu em 2001 a importação do produto de três Províncias argentinas. A suspensão também ocorreu em 2003.


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