São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
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Empresas confiam que Cade vai aprovar

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

Os controladores da Antarctica e da Brahma estão confiantes na aprovação da AmBev pelo Cade. "Nós estamos convictos de que a associação será aprovada", afirmou Victorio De Marchi, co-presidente da nova empresa.
Segundo ele, a concentração de mercado será compensada pelo ganho de eficiência. "A concentração de produtores de cerveja e refrigerantes é mundial", argumentou ele.
Ao contrário do que se chegou a pensar, as duas empresas não obtiveram uma aprovação informal do governo antes de anunciar a fusão, segundo uma pessoa que participou da estruturação do negócio ouvida pela Folha.
A expectativa é, a partir de agora, convencer o Cade de que a empresa terá condições de competir em um mercado globalizado. Outro argumento forte é que no mercado de refrigerantes a predominância da AmBev não existe, ao contrário do que acontece no segmento de cervejas.
A AmBev está preparada para ter de atender a exigências do governo. "O Cade poderá fixar exigências que teremos de cumprir", disse De Marchi.
Uma dessas exigências, segundo Marcel Herman Telles, co-presidente da AmBev, deverá ser a de manter separadas as três redes de distribuição hoje existentes: da Brahma, da Antarctica e da Skol. Essa iniciativa já foi tomada pela própria AmBev.
Para Telles, o caso da AmBev abrirá um novo caminho. "Esse tipo de associação é inevitável. Haverá outros campeões brasileiros de setores da indústria que irão se unir para disputar um mercado global", disse.
Segundo ele, a competição das empresas brasileiras com as estrangeiras é desigual do ponto de vista do custo do capital. "Mesmo uma empresa como a nossa pagaria algo em torno de 14% para captar dinheiro, enquanto as competidoras estrangeiras pagam 7%, metade. É isso que eu acho que outras empresas vão perceber e que levará a outras uniões", disse Telles.
Para ele, o desafio do direito econômico será permitir essas associações e ainda assim assegurar o direito do consumidor.
Enquanto a decisão não sai, a nova empresa avançará. "A sociedade está formalizada desde ontem (anteontem) e vamos prosseguir com a atuação", disse De Marchi.


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