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NEGÓCIOS
Sócios da AmBev dizem que não há incompatibilidade entre eficiência e emprego, mas previsão é de demissões
Nova empresa vai fechar fábricas antigas
da Reportagem Local
Cortes de pessoal no setor administrativo, na
distribuição e
nas fábricas
mais antigas. É o
que prevêem
analistas e trabalhadores do setor de bebidas como consequência da associação
que criou a AmBev.
A nova empresa manterá as três
redes de distribuição separadas
-Brahma, Antarctica e Skol-,
mas unificará o setor produtivo.
Ou seja, todas as fábricas produzirão cervejas de marcas da Antarctica e da Brahma.
A forma de operação da nova
empresa foi esclarecida ontem por
seus sócios, que evitaram afirmar
se será necessário corte de pessoal
para colocá-la em prática.
"Não fizemos a associação para
ficar no lugar nem para andar para
trás. Vamos fechar fábricas antigas
e migrar a produção para outras
mais novas. Mas não dá para fazer
isso sem funcionários. Além disso,
estamos pretendendo expandir a
atuação em bebidas não-alcoólicas, e isso pode gerar mais empregos", disse Marcel Herman Telles,
co-presidente da AmBev.
Segundo ele, "não há incompatibilidade entre eficiência e emprego, desde que haja crescimento da
empresa".
Hoje, as duas empresas têm 50
fábricas -28 da Brahma e 22 da
Antarctica. "No momento, não se
pretende fechar nenhuma. Vamos
antes fazer um estudo amplo de logística para verificar quais são as
mais eficientes", disse Victório De
Marchi, co-presidente da AmBev.
Para analistas de investimentos,
o fechamento de fábricas menos
eficientes que estejam na mesma
região de fábricas mais eficientes
será inevitável. Principalmente
porque as duas companhias já possuíam uma capacidade ociosa considerável. A Brahma, por exemplo,
ocupou menos de 70% da sua capacidade produtiva instalada no
ano passado.
Mas as demissões mais maciças
não deverão ocorrer nas fábricas,
segundo os analistas, porque elas
são bastante automatizadas e empregam mão-de-obra qualificada.
Os maiores cortes deverão acontecer no setor administrativo, com a
unificação de áreas.
Distribuição
Os trabalhadores do setor têm
uma outra visão sobre os cortes.
Em um primeiro momento, a associação de Antarctica e Brahma deve provocar demissões no setor de
distribuição, avalia Sinval Silvestre
da Silva, diretor do Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias de
Cerveja e Bebidas em Geral.
O enxugamento de pessoal começaria na distribuição porque
Antarctica e Brahma não seriam
tão eficientes nesse item quanto a
Coca-Cola -que pretendem enfrentar-, e por haver distribuidoras das duas empresas muito próximas, sobrepondo funções.
"A Coca-Cola tem distribuição
própria, que entrega o produto ao
cliente a qualquer hora. Já Brahma
e Antarctica operam com distribuidores particulares, que não trabalham no fim-de-semana", diz o
diretor do sindicato.
Mas o gargalo da distribuição
não passou despercebido pelas sócias da AmBev, que vêm montando equipes próprias há cerca de
três anos.
Segundo dados do sindicato, em
janeiro último Brahma e Antarctica tinham no país 16 mil empregados e geravam mais 24 mil empregos indiretos. Nesse segundo grupo está toda a cadeia da distribuição, que abrange desde o vendedor
e o conferente de pátio até o motorista e o entregador da bebida.
Em um segundo momento é que
passam a correr o risco de perder o
emprego os funcionários de fábricas mais antigas e muito próximas,
afirma Silva.
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