São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REPERCUSSÃO
Na Bovespa, alta dos papéis das empresas envolvidas chega a 33%; nos EUA, os da Brahma sobem 20%
Fusão faz ações dispararem em NY e SP

MARCELO DIEGO
da Reportagem Local

RENATO FRANZINI
de Nova York

As ações das companhias de bebidas envolvidas na fusão entre Brahma e Antarctica se valorizaram em até 33% na Bolsa de Valores de São Paulo e 20% na de Nova York.
As ações de cinco empresas envolvidas na fusão (Aditus, Antarctica, Antarctica Nordeste, Brahma e Polar) haviam sido suspensas do pregão brasileiro anteontem -a pedido das próprias companhias.
Elas voltaram a ser comercializadas ontem, às 15h32, com o aval da Comissão de Valores Mobiliários.
Todas apresentaram alta, apesar do pouco tempo que ficaram em negociação (a Bovespa fecha às 17h15).
As ações Antarctica ON registraram alta de 15%. Os papéis ON da Brahma subiram 18,87%.
As outras variações (todas positivas) foram: 15,11% da Brahma PN; 25,19% da Antarctica Nordeste PN; 24,11% da Polar ON e 33,33% da Polar PN.
Ações ONs são as ordinárias, que dão direito a voto na empresa. As PNs são preferenciais, sem direito a voto.
As explicações do processo de transferência de ações e os detalhes dos planos administrativos da AmBev (Companhia de Bebidas das Américas, o nome da empresa formada pela fusão entre Brahma e Antarctica) serviram para esclarecer o mercado.
O fato de uma ação ter se valorizado mais do que a outra é explicada pelas regras da própria Bolsa. "É comum ter papéis com preço maior. A Brahma, por exemplo, deve ter um lucro isolado de US$ 250 milhões neste ano, muito maior do que o da Antarctica. É natural que a sua ação apresente uma performance melhor", avalia Roberto Dotta, da Tudor Asset Management.
Em Nova York, são negociadas os ADRs (American Depositary Receipt) da Brahma.
Os ADRs são papéis emitidos e negociados nos EUA, mas com lastro em ações de outros países.
Os recibos de ações da Brahma tiveram alta de 20,67% no pregão de ontem da Bolsa de Nova York.
Mas a tendência de alta, nos EUA e no Brasil, só deve se manter depois que ficarem mais claros os desdobramentos da análise do negócio pelo Cade, o órgão do governo federal encarregado de evitar a formação de monopólios. A avaliação é de especialistas.
"O negócio do Cade ainda está longe de acabar. Por enquanto, fica difícil falar para onde a ação vai, mas a tendência é de alta", disse à Folha William Landers, analista do mercado de bebidas do banco Lehman Brothers.
No último dia 26, Landers divulgou um relatório aconselhando seus clientes a comprar ações da Brahma. Ele estabeleceu um preço-alvo de US$ 14 por recibo.
Ontem, o ADR da Brahma fechou cotado a US$ 13,50, depois de abrir a US$ 11,3125. Foram negociados 1.059.100 recibos, superando em mais de duas vezes a média diária de 322.136 recibos. Anteontem, sua negociação foi suspensa.
Landers disse que, além do fator Cade, vai esperar para ver como será a proposta de substituição de ações da Brahma por outras da AmBev. A Antarctica não tem ADRs negociados em Nova York.
Apesar da alta de ontem, o recibo da Brahma não bateu o seu preço recorde das últimas 52 semanas, que foi de US$ 14,625 em agosto do ano passado.
Depois desse pico, o ADR despencou para US$ 6,375 em setembro, após a crise russa, e passou a se recuperar lentamente.


Texto Anterior: Covas e Piva mostram preocupação com desemprego
Próximo Texto: Se concorrência for afetada, Cade veta
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.