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REPERCUSSÃO
Na Bovespa, alta dos papéis das empresas envolvidas chega a 33%; nos EUA, os da Brahma sobem 20%
Fusão faz ações dispararem em NY e SP
MARCELO DIEGO
da Reportagem Local
RENATO FRANZINI
de Nova York
As ações das
companhias de
bebidas envolvidas na fusão entre Brahma e
Antarctica se valorizaram em
até 33% na Bolsa
de Valores de São Paulo e 20% na
de Nova York.
As ações de cinco empresas envolvidas na fusão (Aditus, Antarctica, Antarctica Nordeste, Brahma
e Polar) haviam sido suspensas do
pregão brasileiro anteontem -a
pedido das próprias companhias.
Elas voltaram a ser comercializadas ontem, às 15h32, com o aval da
Comissão de Valores Mobiliários.
Todas apresentaram alta, apesar
do pouco tempo que ficaram em
negociação (a Bovespa fecha às
17h15).
As ações Antarctica ON registraram alta de 15%. Os papéis ON da
Brahma subiram 18,87%.
As outras variações (todas positivas) foram: 15,11% da Brahma PN;
25,19% da Antarctica Nordeste
PN; 24,11% da Polar ON e 33,33%
da Polar PN.
Ações ONs são as ordinárias, que
dão direito a voto na empresa. As
PNs são preferenciais, sem direito
a voto.
As explicações do processo de
transferência de ações e os detalhes dos planos administrativos da
AmBev (Companhia de Bebidas
das Américas, o nome da empresa
formada pela fusão entre Brahma e
Antarctica) serviram para esclarecer o mercado.
O fato de uma ação ter se valorizado mais do que a outra é explicada pelas regras da própria Bolsa.
"É comum ter papéis com preço
maior. A Brahma, por exemplo,
deve ter um lucro isolado de US$
250 milhões neste ano, muito
maior do que o da Antarctica. É
natural que a sua ação apresente
uma performance melhor", avalia
Roberto Dotta, da Tudor Asset
Management.
Em Nova York, são negociadas
os ADRs (American Depositary
Receipt) da Brahma.
Os ADRs são papéis emitidos e
negociados nos EUA, mas com lastro em ações de outros países.
Os recibos de ações da Brahma
tiveram alta de 20,67% no pregão
de ontem da Bolsa de Nova York.
Mas a tendência de alta, nos EUA
e no Brasil, só deve se manter depois que ficarem mais claros os
desdobramentos da análise do negócio pelo Cade, o órgão do governo federal encarregado de evitar a
formação de monopólios. A avaliação é de especialistas.
"O negócio do Cade ainda está
longe de acabar. Por enquanto, fica
difícil falar para onde a ação vai,
mas a tendência é de alta", disse à
Folha William Landers, analista
do mercado de bebidas do banco
Lehman Brothers.
No último dia 26, Landers divulgou um relatório aconselhando
seus clientes a comprar ações da
Brahma. Ele estabeleceu um preço-alvo de US$ 14 por recibo.
Ontem, o ADR da Brahma fechou cotado a US$ 13,50, depois de
abrir a US$ 11,3125. Foram negociados 1.059.100 recibos, superando em mais de duas vezes a média
diária de 322.136 recibos. Anteontem, sua negociação foi suspensa.
Landers disse que, além do fator
Cade, vai esperar para ver como
será a proposta de substituição de
ações da Brahma por outras da
AmBev. A Antarctica não tem
ADRs negociados em Nova York.
Apesar da alta de ontem, o recibo
da Brahma não bateu o seu preço
recorde das últimas 52 semanas,
que foi de US$ 14,625 em agosto do
ano passado.
Depois desse pico, o ADR despencou para US$ 6,375 em setembro, após a crise russa, e passou a
se recuperar lentamente.
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