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Gestores e representantes de fundos têm convivência difícil
DA REPORTAGEM LOCAL
Normalmente odiados pelos
administradores das empresas
compradas, os fundos de "private equities" costumam ser
criticados por fazerem um trabalho rápido, frio, sem qualquer envolvimento com os antigos funcionários, baseados apenas em planilhas excel de
avaliação, em que só importa o
retorno do capital investido.
E o retorno compensa, pois
chega a superar 40% ao ano no
Brasil. O desempenho dos fundos é tão alto que os executivos
de empresas saneadas são muitas vezes cobrados pelos acionistas a darem um lucro semelhante ao que os fundos de "private equities" conseguiam extrair dessas empresas.
"Conflitos você sempre terá
entre investidores e gestores.
Os gestores vêem o pessoal dos
fundos como "mauricinhos",
que chegam para cuidar das
contas por quatro anos e depois
saem se tudo der certo", disse
Antonio Gledson de Carvalho,
professor da FGV.
Gledson afirma que o conflito também acontece quando
permanecem no negócio os antigos donos da empresa, que
muitas vezes não costumam
prestar contas de suas decisões
para ninguém. "O dono está
acostumado a mandar e não
dar satisfação. Com os fundos,
isso muda e assusta logo de cara. Mas depois a empresa
aprende o valor da transparência e da governança", disse.
No Brasil, os fundos não chegam nas empresas derrubando
toda a diretoria responsável pelo quadro deteriorado da contabilidade. "Mesmo quando
compramos 100% de uma empresa, como aconteceu com a
Brasif, sempre procuramos
manter o presidente e a maior
parte da estrutura existente",
disse Patrice Etlin, do Advent.
"Afinal, investimos nas pessoas. Reforçamos mais a área financeira. Nosso papel é formalizar, trazer governança e preparar a empresa para a Bolsa."
Para o empresário Daniel
Heisse, sócio da Direct Talk,
empresa de tecnologia para call
center, as diferenças entre os
fundos e os empreendedores
decorrem de um desalinhamento de visão no negócio.
A empresa tem quatro fundos entre os sócios -Rio Bravo,
do ex-BC Gustavo Franco,
DGF, CRP e e-plataform. "Os
fundos geralmente têm dez negócios. Uns darão mais resultados do que os outros. Mas o empreendedor só tem um e aposta
todas as fichas nele", disse.
Álvaro Gonçalves, da Stratus,
chama a atenção para o papel
dos fundos de consertar o que
não funciona bem no capitalismo das empresas. "Os "private
equities" têm essa função de depurar as empresas que perderam o foco, a competitividade e
precisam de um novo impulso."
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