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Investimento para a América Latina deve cair
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário-geral da Unctad,
embaixador Rubens Ricupero,
considera pouco provável que
a economia mundial repita nos
próximos três ou quatro anos
dois movimentos que marcaram a década passada: o alto
fluxo de investimentos externos para os países latino-americanos e o forte aumento no
comércio global.
"O relatório conclui que é
pouco provável a repetição das
condições que permitiram a
elevação do fluxo de investimentos estrangeiros para a
América Latina nos anos 90",
afirma Ricupero.
Essas condições, segundo ele,
foram a renegociação da dívida
externa da região por meio do
plano Brady e o processo de
privatização. Além de essas
duas condições inexistirem
agora, a América Latina terá de
disputar os recursos disponíveis com os Estados Unidos,
que precisarão de capitais externos para cobrir seu imenso
déficit em conta corrente.
Ricupero observa que, nesse
cenário, pode ser de pouca utilidade o esforço do governo
Lula em adotar políticas ortodoxas para resgatar a confiança
dos investimentos externos no
país, já que haverá poucos recursos disponíveis, na avaliação da Unctad.
Comércio
O pessimismo em relação ao
aumento do volume do comércio se deve, entre outras razões,
à expectativa de menor crescimento da economia mundial.
"O comércio só se expande
quando a economia e a renda
global crescem", diz Ricupero.
Além disso, também não se
repetirá a forte abertura das
economias em desenvolvimento, que foi um dos principais fatores de expansão do comércio
até o ano 2000.
Outro fator que também deixará de surtir efeito no comércio é o processo de transferência da produção de empresas
transnacionais para países em
desenvolvimento, que elevou
as transações intrafirmas. Para
Ricupero, poderá ocorrer a
mudança dessas unidades produtivas para outros países em
desenvolvimento, o que terá
como resultado um deslocamento do comércio, mas não o
aumento de seu valor.
(CT)
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