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São Paulo estuda vender toda a participação na Cesp
Proposta anterior era vender só ações excedentes
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o aval do governador
José Serra (PSDB), a Secretaria
de Fazenda elabora um modelo
de privatização para se desfazer
integralmente da participação
do Estado na Cesp (Companhia
Energética de São Paulo), avaliada em cerca de R$ 5 bilhões.
Para conduzir o processo, a secretaria contratou o Citibank.
Pela proposta anteriormente
em discussão, o governo venderia apenas as ações que excedessem o controle do Estado,
como fez o governo federal com
o Banco do Brasil e a Petrobras.
Mas, convencido por integrantes da equipe econômica -
a começar pelo próprio secretário de Fazenda, Mauro Ricardo
Costa -, Serra autorizou o desenho de um modelo de venda
de todas as suas ações. O argumento é que não há necessidade o Estado ter uma empresa de
geração de energia.
Em meio à ameaça de apagão, este é considerado pelo governo um bom momento para a
venda. Mas só quando for concluído o projeto - provavelmente no início do ano que
vem- Serra tomará a decisão
política sobre a venda.
Como a operação já está autorizada pela Assembléia Legislativa, a idéia é deixar tudo
pronto para vender as ações na
melhor oportunidade. Segundo
tucanos com trânsito no Palácio dos Bandeirantes, a intenção é que a Cesp seja vendida
no primeiro semestre de 2008.
Os recursos seriam destinados a obras de infra-estrutura,
possivelmente nos trechos
Norte e Leste do Rodoanel.
O governo paulista tem
93,68% das ações com direito a
voto da Cesp, totalizando
33,37% do capital total da companhia. Outros 35,9% já estão
pulverizados no mercado.
Segundo a corretora Brascan,
a Cesp tem um valor de mercado superior a R$ 11 bilhões, sendo que a parte do governo está
avaliada entre R$ 4,8 bilhões e
R$ 5 bilhões. Para a corretora, a
privatização da Cesp não depende de qualquer alteração no
arcabouço legal, diferentemente do que acontece com a Sabesp, em que há discussão jurídica sobre o poder concedente
dos serviços de água e esgoto.
Em outubro, a Cesp teve seu
rating (nota) elevado pela agência de classificação de riscos
Standard & Poor"s por conta da
melhora na estrutura de sua dívida, embora a classificação
-que passou de "B-" para "B"-
ainda seja de grau especulativo.
O governo de São Paulo implementou nos últimos anos
uma completa reestruturação
da dívida da Cesp, iniciada com
o aumento de capital de R$ 3,2
bilhões com a emissão de novas
ações, além de R$ 1,193 bilhão
provenientes da privatização
da Cteep (Companhia de
Transmissão de Energia Elétrica Paulista), em junho do ano
passado. Outros R$ 1,2 bilhão
foram obtidos com a emissão
de bônus e R$ 1,9 bilhão com
fundos de recebíveis.
Com a privatização da Cesp,
o governo paulista retoma seu
antigo programa de desestatização, cujo primeiro passo foi
dado em setembro, quando a
Secretaria de Fazenda abriu
uma licitação para contratar
empresas para avaliar o valor e
propor um modelo de negócio
para 18 empresas estatais.
Entre as estatais objeto de
avaliação estão o Metrô, a
CPTM (Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos), o IPT
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas), a Dersa, a Imprensa
Oficial e a Cetesb (Companhia
de Tecnologia de Saneamento
Ambiental).
No final dos anos 1990, o governo paulista vendeu as distribuidoras de energia Eletropaulo, CPFL, Bandeirantes e Elektro, que passaram integralmente ao controle privado. A modelagem de privatização foi desenhada pelo BNDES com o objetivo de levantar recursos para
abater a dívida pública.
Depois, foram vendidas as
geradoras Parananema e Tietê,
antigos braços da Cesp. A última privatização foi a da Cteep,
que aconteceu em junho do ano
passado. Os recursos obtidos
foram utilizados para ajudar no
processo de saneamento da
própria Cesp.
(CATIA SEABRA E TONI SCIARRETTA)
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